A fabricante de cervejas argentina Quilmes aguarda com ansiedade o desfecho das negociações entre a holandesa Heineken e a Kaiser. A empresa platina, que fatura US$ 820 milhões, torce para que saia um acordo e o grupo europeu assuma o controle do brasileiro. Assim, acredita, verá se abrir para sua marca as portas dos nossos bares. Explica-se: a Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, tem cerca de 15% de participação no capital da Quinsa, holding da qual a Quilmes faz parte. ?O mercado brasileiro é interessante, não há como negar?. afirma Francis Cressal, diretor de relações com investidores da cervejaria argentina. ?Teremos uma boa oportunidade se a Heineken concluir a negociação?, admite Cressal.

Se a Quilmes vier para o Brasil, será o troco que a companhia argentina esperava dar na Ambev. Até hoje os argentinos não engolem o fato de a Brahma ter invadido a praia deles e em seis anos conquistado 14% de participação no mercado de cervejas ? pouco, perto dos mais de 80% que a dona da casa possui; muito para o curto espaço de tempo em território estrangeiro. A relação entre Ambev e Quilmes, no entanto, tem capítulos bem mais recentes. Nesta semana a Ambev confirmou a compra de 57,34% da companhia uruguaia de bebidas Salus, em uma joint venture feita com a Danone. E adivinhe quem tem cerca de 20% do capital da empresa do Uruguai? A Quilmes, é claro, o que indica que vem mais uma briga por aí. Cressal admite que as duas empresas poderão conversar em breve. ?Somos sócios por uma casualidade e em algum momento teremos de resolver essa situação?, afirma o diretor da Quilmes. As ironias não param por aí. Enquanto a companhia argentina é dona da Baesa, franqueada da Pespi naquele país, a empresa brasileira comanda a operação por aqui.

Outra coincidência entre as duas concorrentes é que ambas querem expandir seus negócios pelos países sul-americanos. A Ambev já está na Argentina, Venezuela e Uruguai. A Quilmes opera na Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e há duas semanas comprou uma cervejaria na Bolívia.