Crescer ou crescer ? não há alternativa para a Logocenter, provedora de softwares de gestão. Empresa de capital brasileiro, sem fontes globais de tecnologia e porte médio, ela briga em um mercado dominado por SAP, Oracle, J. D. Edwards, entre outras. Se não ganhar musculatura, fatalmente será engolida pelas concorrentes. Por isso, a empresa mergulhou em um processo de expansão no Brasil e internacionalização de suas atividades. Recentemente, desembolsou US$ 2,5 milhões para ficar com a TravelNet, especializada em soluções para Internet. Com ela, vieram clientes do porte do Citibank e da Listel. ?Precisamos, cada vez mais, oferecer o máximo de serviços para nossos clientes?, diz Álvaro Junckes, diretor comercial e um dos sócios da Logocenter. ?Isso inclui acompanhá-los para outros países.?

Daí vem a necessidade de desembarcar em outras paragens. A Logocenter tem compromisso firmado com 10 de seus clientes de segui-los em suas aventuras no exterior. O primeiro alvo é a Argentina. Nos próximos dias, Junckes deverá assinar o contrato de compra de 51% de uma companhia local por US$ 3 milhões. Até 2003, a Logocenter pretende fincar sua bandeira no Chile, na Venezuela e no México. ?Acreditamos que a melhor forma de chegar a um novo mercado é comprar alguém já estabelecido?, diz Junckes. ?Assim, evitamos os problemas de adaptação e a demora em conquistar os clientes.?

Parte do dinheiro para essa empreitada virá, provavelmente, da abertura de capital, que deverá ocorrer no primeiro semestre de 2002. O restante vem do caixa da Logocenter, graças a um aporte de capital de US$ 5 milhões. A dinheirama veio de um fundo de investimentos capitaneado pelo Banco Fator e que reúne, entre outros, a Previ e o BNDESpar. Em troca, a Logocenter cedeu 30% de seu capital e uma cadeira no conselho de administração.

Com as compras, a Logocenter pretende manter a taxa de 40% de crescimento anual, registrada nos últimos anos. Em 2000, seu faturamento atingiu R$ 25 milhões. O lucro foi de R$ 2,5 milhões. Em 1992, primeiro ano de vida, as receitas chegaram ao equivalente a R$ 1,8 milhão. Na ocasião, Junckes e outros seis executivos da Fundição Tupy, de Joinville, deixaram a empresa e levaram o Centro de Processamento de Dados, embrião da Logocenter.

Sem dinheiro para investir na atualização tecnológica do principal produto, o Logix, fez uma proposta para os funcionários. Eles se dedicariam a essa tarefa depois do expediente. Em troca, teriam uma participação nas vendas nos cinco anos seguintes. A fórmula foi tão bem-sucedida que até hoje a Logocenter reserva cerca de 25% do lucro para dividir entre 10% dos 350 empregados. Junckes também partiu para o sacrifício. Para investir na Logocenter, vendeu a casa, um terreno e o Chevette com que transitava pelas ruas de Joinville. Hoje, dirige um Vectra CD, o top de linha do modelo. Ao que parece, foi um bom negócio.