O mercado brasileiro de startups tem mais uma empresa avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão (unicórnio, no jargão do ramo): a startup de entregas Loggi. Ontem, a companhia confirmou ter recebido uma nova rodada de investimentos de US$ 150 milhões, liderada pela empresa japonesa SoftBank e pela Microsoft. Fundos estrangeiros, como GGV, Fifth Wall e Velt Partners, também participaram do aporte, que avaliou a Loggi em US$ 1 bilhão.

“É um marco financeiro que confirma que a Loggi está no caminho certo de reinventar a logística com uso de tecnologia”, disse o francês Fabien Mendez, presidente e cofundador da Loggi, por meio de nota. Ao contrário de empresas como iFood e Rappi, que voltam sua operação a entregas expressas, o forte da Loggi são envios de documentos e comércio eletrônico. A empresa atua também na entrega de refeições com parceiros específicos, como McDonald’s, por exemplo, numa área menor.

Os recursos, segundo a startup, serão utilizados para desenvolver o time de pesquisa e desenvolvimento da Loggi. Em comunicado, a empresa diz que pretende montar uma equipe com mais de mil funcionários na área de tecnologia – em especial, em inteligência artificial e robótica. Ao todo, hoje a startup tem cerca de 700 pessoas. Num futuro próximo, almeja chegar a 1,5 mil.

Dobro. Outro objetivo da empresa é promover, para todo o território brasileiro, o que chama de “entrega no dia seguinte” – na qual o usuário faz uma compra pela internet em um dia e recebe o produto no próximo. Hoje, a empresa faz 100 mil entregas diárias no País, único mercado no qual atua – em 2017, realizava metade disso. Nos próximos cinco anos, a meta é de chegar a até 5 milhões de entregas diárias, conectando pelo menos 95% do território nacional.

Atualmente, a Loggi consegue enviar entregas a partir de 23 cidades ou macrorregiões brasileiras, com 25 mil entregadores espalhados pelo País.

Retrospecto. Não é a primeira rodada de investimentos feita pelo SoftBank na Loggi – em outubro, o Vision Fund, também liderado pelo grupo japonês, aportou US$ 100 milhões na startup brasileira. Foi o primeiro investimento da japonesa no País, antes de iniciar o Innovation Fund, que vai aportar US$ 5 bilhões em startups latinas nos próximos anos. Procurada pelo Estado, SoftBank não comentou o novo investimento.

Ao todo, a Loggi já levantou seis rodadas de aportes, cuja soma chega a US$ 295 milhões. Entre os investidores da empresa, há ainda fundos como Monashees, Kaszek Ventures e Qualcomm Ventures. Entre seus clientes, estão grupos como Samsung, Mercado Livre e Dafiti, por exemplo.

Para o empreendedor Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups, o movimento não surpreende – estudos recentes, como o realizado pelo Distrito Fintech, já apontavam a empresa como potencial unicórnio.

“É algo que demonstra a força do uso de tecnologia no setor de entregas no Brasil, que ainda tem muito o que crescer”, diz Matos. “É o terceiro unicórnio que surge do setor – o iFood e o Rappi, que é colombiano, mas tem forte presença aqui, também ocupam espaço das entregas.”

Na visão de Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o investimento mostra que o setor de entregas “está longe de estar saturado” e que a “era dos unicórnios no Brasil só começou”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.