Um novo competidor ronda os céus do Brasil. A norte-americana Lockheed Martin Corporation, gigante do setor aeronáutico, está jogando todas as suas fichas no Programa de Reaparelhamento da Força Aérea Brasileira (FAB) e no plano de renovação dos equipamentos de infra-estrutura dos aeroportos civis e militares do País até 2005. ?O Brasil se apresenta como um dos maiores mercados nestas áreas nos próximos anos?, explica Thomas Douglas, diretor da área de radares da Lockheed Martin. ?Os equipamentos daqui estão com 15 anos de uso e precisam ser substituídos. Vamos transformar o País em um de nossos maiores compradores?, diz Douglas.

Em sua primeira cartada no mercado brasileiro, a Lockheed deverá participar do fornecimento de radares de longo alcance ao Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O valor total dos contratos do Sivam chega a US$ 1,6 bilhão até 2002. ?Temos uma pequena parcela disto?, diz Douglas, sem revelar o montante. Com a primeira etapa vencida, o executivo sonha, agora, com vôos mais altos, especialmente na área dos aeroportos e do Sistema Nacional de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aeronáutico. ?O Departamento de Aviação Civil (DAC) realizará concorrência para os aeroportos e pretendemos participar para fornecer o Sky Tracker, radar para o controle de tráfego aéreo civil?, diz o executivo.

Sediada em Bethesda, Maryland (EUA), a Lockheed Martin é um grupo de atuação mundial com atividades nas áreas espacial e aeronáutica, integração de sistemas, serviços tecnológicos e comunicações globais. Suas vendas no ano passado ultrapassaram US$ 25 bilhões. Tornou-se conhecida nos países latino-americanos pelo fornecimento de aviões de caça e de transporte, como o F-16. E é justamente neste segmento que a empresa pretende decolar. O atrativo é o Programa de Reaparelhamento da Força Aérea Brasileira, conhecido também como Programa FX. A FAB pretende gastar US$ 3,5 bilhões na substituição da frota até 2005. A idéia de J.R Wildridge, diretor da divisão de aeronáutica da Lockheed, é trocar os antigos aviões de caça Mirage F-103 da FAB por aeronaves F-16 e atualizar os 60 aviões F-5, comprados em 1975. Nessa briga de substituição dos Mirage, os americanos terão de medir forças com os Mig-29 russos. Dirigentes da Lockheed temem, no entanto, que as autoridades brasileiras repitam um velho hábito de adquirir aeronaves usadas em vez de equipamentos de última geração. É esperar para ver.