A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta segunda-feira, 5, uma mulher suspeita de aplicar golpes em homens que conhecia por meio de aplicativos de relacionamento. Patrícia Coutinho Pereira, de 29 anos, a “loba do Tinder”, é investigada desde maio do ano passado e foi indiciada pelos crimes de difamação, estelionato e extorsão.

Segundo o delegado João de Ataliba Nogueira, da 1ª Delegacia de Polícia de Brasília (Asa Sul), a investigação começou após a denúncia de uma das vítimas. O homem – um servidor público federal – afirmou que estava no fim de seu casamento e começou a sair com Patrícia depois de conhecê-la no Tinder.

Patrícia se apresentava como empresária do ramo de cosméticos e dizia que seu dinheiro estava todo aplicado e, por isso, precisava de ajuda para o pagamento de contas e despesas diárias. O servidor, então, passou a realizar transferências e depósitos bancários para a conta de um terceiro, que, segundo as investigações, era outra vítima da suspeita.

“Ela usava toda essa teia de crimes para não deixar rastros, não usava sua própria conta bancária”, disse o delegado, em entrevista coletiva.

De acordo com a polícia, o servidor teve prejuízo de R$ 50 mil durante seis meses com os golpes aplicados pela “loba do Tinder”. Quando a vítima tentou encerrar o relacionamento, Patrícia passou a extorqui-lo e ameaçou divulgar o caso entre os dois nas redes sociais, entrar em contato com a família do homem e ir até o seu trabalho para difamá-lo.

Ao apreender o celular de Patrícia, os policiais encontraram conversas que indicavam que outras pessoas foram vítimas do golpe aplicado por ela.

“Vários homens, estamos tentando quantificar quantas vítimas foram e qual foi o prejuízo estimado, quantos crimes de extorsão, quantos de ameaça, quantos de estelionato”, declarou Nogueira.

Golpe

O delegado explicou que a suspeita agia de três modos para aplicar os golpes. “O primeiro era quando ela não tinha um relacionamento sexual com a vítima que conhecia através de aplicativos. Ela dizia que um parente tinha morrido, falava que o dinheiro estava aplicado, e pedia um empréstimo para ir ao enterro”, afirmou Nogueira. “Ela matou a vó umas quatro vezes; a mãe, umas cinco.”

Depois de se aproximar das vítimas – homens casados principalmente -, Patrícia dizia que era empresária e que seu dinheiro estava aplicado.

Por fim, ao descobrir que o homem era casado, ela exigia dinheiro para não denunciar a relação extraconjugal.

Os investigadores descobriram que algumas mulheres também foram vítimas, incluindo uma DJ do Distrito Federal. Foragida desde maio, Patrícia aplicou golpes em outras regiões do País. “Ela tentou extorquir dois empresários no interior de São Paulo, um homem e uma mulher”, disse Nogueira.

Falsa comunicação de crime

A Polícia Civil informou que Patrícia registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) contra o servidor que a denunciou. Além disso, fez uma representação no Ministério Público contra o delegado Nogueira por abuso de autoridade em relação a um mandado de condução coercitiva contra ela.

Conforme o policial, as ações foram uma retaliação à apreensão de seu celular. O Ministério Público concluiu que Patrícia havia mentido sobre a forma como foi conduzida à delegacia. Já a Deam arquivou a ocorrência por não constatar violência doméstica.

Patrícia foi processada pelo crime de denunciação caluniosa e condenada a uma pena de três anos e seis meses de reclusão.

A reportagem não conseguiu até o início da noite desta terça-feira, 6, contato com a defesa de Patrícia.