O empresário Samuel Seibel, presidente da Livraria da Vila, foi o convidado da live da IstoÉ Dinheiro nesta quinta-feira (26). Ele trabalhou como jornalista por cerca de uma década, trocou a labuta nas redações dos grandes jornais pelo comércio de livros. Hoje, Seibel é uma das mais importantes referências do mercado editorial brasileiro. O livreiro, na entrevista, faz uma análise sobre a atual situação do mercado editorial e de como a pandemia do coronavírus afetou o segmento. Para ele, as vendas de livros no Brasil só vão aumentar quando a educação melhorar e crescer a consciência da sociedade da importância da leitura para o desenvolvimento do país e das pessoas. “O maior flagelo do País é a educação. Literatura e educação estão intrinsecamente ligados”, avalia.

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Ao certo, depois de amargar prejuízos gigantescos, a Livraria da Vila, assim como os demais players do setor, vem buscando formas de se reinventar, investindo, principalmente, no e-commerce. Seibel diz que as vendas pela internet seguraram um pouco o abalo nas receitas, que caíram praticamente a zero no início da quarentena, mas o cenário está muito longe do final de 2018 quando o setor estava em franco crescimento.

Ele avalia que o futuro das vendas virtuais não é nada promissor, como a comercialização de outros produtos – eletrônicos, itens de moda, casa e móveis foram os que mais cresceram em comercialização durante a quarentena (106%, em média). “Hoje, representam 4% do faturamento, o que equivale a uma pequena loja da livraria. Para o ano que vem estima-se em 10%”, calcula.

Após meses de portas fechadas, as livrarias retomaram, desde julho, aos poucos suas atividades. Para enfrentar esse cenário turvo, a Livraria da Vila e livreiros de mais de 120 pontos de venda no País lançaram a campanha “Tudo Começa na Livraria”, inspirada no movimento internacional, surgido na Espanha, para atrair visitantes às livrarias e espaços culturais.

A ação tem como objetivo, reforçar a centralidade das livrarias na relação entre autores, editores, distribuidores e leitores. “Não sabemos o que vai acontecer diante da possibilidade de uma segunda onda”, afirma.

Seibel avalia que a campanha é uma forma positiva de incentivar o público a reocupar com tranquilidade e segurança esses espaços, tendo a oportunidade de desbravar as estantes, descobrir títulos, gêneros, novidades e autores. Ao longo da campanha, que não tem data para acabar e começa com um convite para que as pessoas postem suas experiências nas livrarias com a hashtag #tudocomeçanalivraria em suas redes sociais, serão divulgadas iniciativas para fomentar hábitos como visitar livrarias e presentear com livros. Para ele, a experiência de adquirir presencialmente um livro é “inigualável”. “A ideia é que se transforme o movimento num mote de adesão popular”, diz.

Durante a entrevista, Seibel diz que os editores reconhecem a importância das livrarias como os grandes pontos de vendas de livros. “Muito mais que os algoritmos das redes sociais possam trabalhar”, diz.

O livreiro acredita que o atual quadro do comércio de livros deve melhorar, mas que será necessário uma mobilização de empresas e executivos, enfim da sociedade em defesa da leitura, para o país se tornar uma Nação de leitores. “Livro não é um produto da elite. Livro não é um produto para ser enaltecido como dogma, intocável. Livro é para rabiscar.”

Com os olhos voltados para o futuro, o livreiro acredita que o cenário vai mudar, mesmo que devagar, para melhor. “Procuro ser um otimista, razoavelmente, realista. Não um otimista sonhador. Vamos ver o que o futuro nos reserva”, finaliza.