O ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ, disse, em um dos depoimentos de sua delação premiada com o Ministério Público Federal, que as doações a políticos garantiam “privilégio” no acesso ao recebedor do apoio financeiro.

Segundo ele, não era possível supor que a empresa teria todos os seus pedidos atendidos pelo político em razão da doação eleitoral, mas sim que a interlocução seria facilitada. “Isso garantia um privilégio na relação”, disse BJ, sobre as doações.

O delator disse ainda que não tinha conhecimento do sistema Drousys – o comunicador usado pelo setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina, para combinar com os operadores da empreiteira a entrega de dinheiro de caixa dois ou propina.

BJ era um dos principais responsáveis por autorizar pagamentos a políticos por meio do setor, mas não tinha conhecimento do sistema de comunicação criado pela empreiteira.

“Fui conhecer depois de março agora (2016), quando fui informado de que havia um sistema de troca de informações dos operadores e dos nossos próprios funcionários. Tomei conhecimento pela imprensa”, disse ele.

Segundo o delator, ele foi apresentado ao Drousys quando a Lava Jato deflagrou a 26ª fase da Operação e revelou o sistema de informática.