Eles são “jovens e fáceis de beber, sem descuidar do caráter e da complexidade típicos dos grandes vinhos”, conforme a definição de seu criador, o enólogo e empreendedor do vinho Tiago Dal Pizzol.

Lançada em 2018 e hoje com cinco rótulos, a linha GO UP nasceu sob inspiração dos vinhos que se tornaram febre no mercado norte-americano. “Macios, bons de tomar e com rótulos que conversam com o líquido”, afirmou Tiago. Ele pertencente à terceira geração de uma das famílias mais respeitadas da vitivinicultura na Serra Gaúcha. Mas, desde cedo, traçou seus próprios caminhos na indústria do vinho. Morou no Vale do São Francisco, trabalhou na vinícola Miolo e nas importadoras Cantu (a qual ajudou a elevar o faturamento para R$ 100  milhões em 2017) e Grand Cru antes de abrir sua empresa, a TDP Wines, que leva as iniciais de seu nome.

Trata-se de um modelo de negócio disruptivo, que combina importação, e-commerce com vendas apenas 2B2, marcas próprias e até uma revista especializada. “A gente não montou a empresa para ser igual às demais”, disse Tiago, que no início não queria sequer ter escritório. “Fomos vanguarda ao adotar o home Office bem antes da pandemia”. Com o tempo, percebeu que era preciso ter um endereço comercial para gerar mais confiança nos clientes. “O mundo do vinho é muito tradicional”, afirmou.

Ter essa consciência, contudo, não o impediu de seguir ousando. Como importador, Tiago tem selecionado vinhos que estão completamente fora do padrão de mercado, caso do Pedra Cancela Intemporal, provavelmente um dos melhores brancos portugueses, produzido no Dão e vendido no Brasil a R$ 999. “Temos que calibrar a ousadia, porque é perigoso do ponto de vista financeiro”. Foi isso que ele percebeu ao lançar a linha GO UP. ”Eu já havia definido o estilo e até registrado a marca. Mas faltava o rótulo”. A imagem veio por acaso, em um cartão de Natal enviado por um amigo. “Quando vi o desenho, tive certeza que era aquilo que precisava”.

O passo seguinte foi convencer o sócio a seguir aquele caminho, mesmo sabendo que o perfil era muito específico. “Até o início de 2019 foi difícil”. Mas veio a pandemia, o consumidor brasileiro “descobriu” o vinho e as vendas dispararam. “A imagem acabou tracionando a marca, que pegou um nicho alternativo”, disse Tiago.

A linha é formada por quatro chilenos do Vale de Curicó, todos Reserva (Carménère, Red Blend Cabernet Sauvigon e Sauvigon Blanc) e um espumante Brut da Serra Gaúcha. Os preços para o consumidor final partem de R$ 59,00 e a projeção é vender 100 mil garrafas este ano, não apenas pela internet ou em lojas especializadas mas até em redes como Zaffari e Sam’s Club. Em breve, um novo rótulo deve ser agregado à linha. “Eu acho que ela ainda tem espaço para uma oriental”. Se a premissa é que cada rótulo converse com a bebida, é provável que venha aí um branco para harmonizar com sushi ou comida thai. Nunca se sabe para onde a inquieta  cabeça de Tiago pode levar seus vinhos.