Por Christian Kraemer e David Lawder

WASHINGTON (Reuters) – Os líderes financeiros do G7 prometeram nesta quarta-feira tomar medidas para manter a estabilidade do sistema financeiro global, após a recente turbulência bancária, e dar aos países de baixa e média renda papel mais relevante na diversificação das cadeias de suprimentos para torná-los mais resilientes.

O comunicado dos países não mencionou explicitamente a China, mas o uso do termo cadeia de suprimentos encaixa-se no esforço de “friend-shoring” das democracias industriais em trabalharem juntas para se tornarem menos dependentes de minerais para baterias, semicondutores e outros bens estratégicos da potência industrial asiática .

“Nos comprometemos a capacitar conjuntamente os países de baixa e média renda para desempenharem papéis maiores nas cadeias de suprimentos por meio de cooperação mutuamente benéfica, combinando finanças, conhecimento e parceria, o que ajudará a contribuir para o desenvolvimento sustentável e aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos globalmente”, afirmaram os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G7 no comunicado.

Reunidos à margem das reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, os líderes disseram que discutiram os recentes desenvolvimentos do setor financeiro após a quebra de duas instituições financeiras dos EUA e a venda forçada do problemático banco global Credit Suisse. Eles disseram que isso “destaca a incerteza sobre as perspectivas econômicas globais e a necessidade de permanecer vigilante”.

Os ministros e presidentes reiteraram que o sistema financeiro é resiliente, apoiado por respostas governamentais rápidas à turbulência e reformas implementadas após a crise financeira de 2008.

“Continuaremos a monitorar de perto os desenvolvimentos do setor financeiro e estaremos prontos para tomar as medidas apropriadas para manter a estabilidade e a resiliência do sistema financeiro global”, disseram os líderes financeiros do G7.

Os ministros disseram que as cadeias de suprimentos precisam alcançar eficiência e resiliência, ajudando a manter a estabilidade macroeconômica e a tornar as economias mais sustentáveis. A declaração citou a necessidade de diversificar as cadeias de abastecimento “altamente concentradas” para tecnologias de energia limpa.

“Nesta iniciativa, permaneceremos firmes para proteger nossos valores compartilhados, preservando a eficiência econômica ao defender o sistema multilateral livre, justo e baseado em regras e a cooperação internacional”, disseram os líderes financeiros do G7, usando linguagem frequentemente usada para excluir a China e outros regimes autocráticos.

O G7 é formado pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e o presidente deste ano, o Japão — todas ricas democracias industriais.

O FMI alertou em suas últimas previsões econômicas que a fragmentação da economia global em blocos geopolíticos é um fator significativo na redução do potencial de crescimento de longo prazo, com apenas 3% de crescimento esperado em 2028. Essa é a menor projeção de cinco anos desde que o fundo começou a emitir tais previsões em 1990.

(Reportagem de Christian Kraemer; Reportagem adicional de David Lawder e Andrea Shalal)