Por Jan Strupczewski e Gavin Jones

ROMA (Reuters) – Líderes do grupo das 20 maiores economias do mundo dirão que buscam limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, nível que os cientistas dizem ser vital para evitar desastres, mas de maneira geral evitarão compromissos rígidos, segundo o esboço de um comunicado visto pela Reuters.

O comunicado conjunto sobre a necessidade de ações climáticas reflete negociações duras entre diplomatas. Os líderes estão reunidos para uma cúpula de dois dias em Roma, mas o esboço detalha poucas ações concretas para limitar as emissões de gases do efeito estufa.

“Continuamos comprometidos com o objetivo do Acordo de Paris (de 2015) de manter o aumento da temperatura média global muito abaixo de 2ºC e de buscar medidas para limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais”, diz o esboço.

O comunicado também afirma que os líderes reconheceram a “relevância vital” de atingir saldo zero de emissões até a metade do século.

Esse é um objetivo que especialistas da ONU dizem ser necessário para alcançar o limite de 1,5 graus Celsius de aquecimento, mas alguns dos maiores poluidores do mundo ainda não se comprometeram com ele.

A China, maior emissora de gases do efeito estufa do mundo, determinou prazo até 2060.

No geral, o quinto esboço do comunicado o não parece ter nenhum endurecimento de linguagem em relação a ações climáticas, comparado com as versões anteriores e, em algumas áreas, o texto foi até um pouco amenizado.

GRANDES EMISSORES

O papel do G20 é crucial antes da cúpula climática mais ampla da ONU, conhecida como COP26, que será realizada em Glasgow, Escócia, na próxima semana, envolvendo quase 200 países.

O bloco do G20, que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, representa mais de 80% do Produto Interno Bruno (PIB) do mundo, 60% da população e estimadas 80% das emissões de gases do efeito estufa.

“Manter 1,5ºC ao alcance exigirá ações significativas e efetivas de todos os países”, diz o esboço mais recente.

Isso se compara com uma versão anterior que dizia que “ações imediatas” eram necessárias, refletindo as discussões dolorosas em torno de linguagem que existem na diplomacia climática.

A referência na versão mais recente à importância de atingir saldo zero de emissões “até meados do século” substitui a versão anterior que era mais específica ao dizer “até 2050”. Essa estava entre parênteses, indicando que exigia negociação.

O esboço mais recente reconhece que os atuais planos nacionais para limitar as emissões precisam ser reforçados, mas dá poucos detalhes sobre como isso deveria ser feito.

Especialistas da ONU dizem que, mesmo se os planos atuais forem totalmente implementados, o mundo caminha para um aquecimento global de 2,7 graus Celsius, com uma aceleração catastrófica de eventos como secas, tempestades e enchentes.

(Reportagem de Jan Strupczewski)

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