Os líderes europeus apoiaram nesta quinta-feira (14), em Bruxelas, uma enfraquecida primeira-ministra britânica, Theresa May, mas advertiram que ainda falta muito trabalho em relação às futuras negociações do Brexit sobre relações comerciais.

“Theresa May fez boas propostas e amanhã (sexta-feira) os 27 poderão constatar progressos suficientes, mas restam muitos problemas por resolver e não há muito tempo”, declarou a chanceler alemã, Angela Merkel, após um jantar de trabalho nesta quinta-feira.

Ao final do primeiro dia do encontro em Bruxelas, May disse à imprensa que as “discussões foram boas”. “Espero ansiosamente as negociações sobre a futura relação comercial e de segurança”.

Na véspera, o governo de Theresa May sofreu uma derrota quando vários de seus deputados se uniram à oposição para impor que o Parlamento britânico tenha a palavra final sobre o acordo de divórcio com a UE.

“Estou decepcionada”, mas “estamos num bom caminho para cumprir nossas promessas sobre o Brexit”, declarou May na chegada a Bruxelas.

A derrota enfraquece a primeira-ministra e dá uma freada brusca em uma semana triunfal, iniciada na última sexta-feira, em Bruxelas, quando conseguiu alcançar – contra todos os prognósticos – um acordo com a UE que permite iniciar a discussão da futura relação.

Agora, “quando negociar algo, terá que voltar a Londres para obter uma aprovação”, estimou o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, para quem “isso não muda nada na agenda ainda, mas complica as coisas para o governo do Reino Unido”.

Diante seus sócios europeus em um jantar de trabalho em que foram servidas lagostas assadas, a primeira-ministra deixou claro que “quer avançar nas negociações comerciais o mais rápido possível”, disse um responsável britânico que pediu anonimato.

Para lançar esta nova fase de negociações, a UE quer primeiro progressos “suficientes” nas prioridades da separação: fronteira na ilha da Irlanda, direitos de cidadãos expatriados e liquidação financeira. Um avanço que confirmarão na sexta-feira, segundo o projeto de conclusões consultado pela AFP.

A luz verde vai abrir as portas para discutir a futura relação, apesar da vontade dos 27 sócios de May ser de tratar um acordo de livre-comércio a partir de março e se concentrarem, antes, a partir de janeiro, em um período de transição de dois anos, após a saída do Reino Unido em 29 de março de 2019.

“Há grandes possibilidades de que possamos passar à segunda fase”, afirmou Merkel, ao chegar a Bruxelas.