O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou nesta quarta-feira, 7, que seria um “desastre”, um “atentado ao Estado” e uma “irresponsabilidade” para o País o governo colocar a reforma da Previdência em votação, mesmo sabendo que não tem os 308 votos necessários para aprová-la. Ele negou que o Palácio do Planalto tenha adotado a estratégia de partir para o “tudo ou nada”, para obrigar os deputados a mostrarem seu posicionamento para sociedade durante a votação antes das eleições. Mais cedo, o relator da reforma, Arthur Maia (PPS-BA), disse que jogar a toalha seria um ato de “covardia”.

“Acho um pouco, diria, de irresponsabilidade com o País você impor, você carimbar uma derrota na reforma da Previdência. Porque, se eu não votar em fevereiro e conseguir votar em março, abril, novembro, dezembro, continuarei com esse tema na agenda e vai chegar o momento em que esse tema será enfrentado”, declarou Ribeiro em entrevista coletiva. “Seria um atentado ao Estado brasileiro colocar uma matéria (em votação), sabendo que não aprovará. Por isso, vamos fazer todo o esforço”, acrescentou o parlamentar.

Para Ribeiro, se o governo sofrer uma derrota na votação da reforma, estará passando para o mundo e para o País a mensagem de que está “ratificando” o desequilíbrio fiscal. “Isso seria um desastre, inclusive teríamos repercussões imediatas no que se refere a mercado, à classificação de risco, à credibilidade internacional, à insegurança jurídica para o País. Seria uma irresponsabilidade”, declarou. Para ele, se o governo decidisse partir para o “tudo ou nada”, estaria “destoando” da relação de convergência com o parlamento. “Não tratou de que vamos votar de todo jeito”, disse.

O líder do governo disse que, caso o governo não consiga os 308 votos até o final de fevereiro, não vale a pena ficar “represando” a pauta da Câmara, mesmo que seja com uma pauta importante. Isso porque, segundo ele, a Casa tem um calendário curto, em razão das eleições. Ele lembrou que, em março, Executivo e Legislativo estarão concentrados na reforma ministerial, no prazo para desincompatibilização de cargos públicos de quem vai disputar eleição e na janela para parlamentares trocarem livremente de partidos sem risco de perda de mandato.

Aguinaldo afirmou que, quando o governo perceber que não tem os 308 votos necessários, fará uma avaliação “em conjunto” para decidir conjuntamente sobre o que fará com a reforma. Nos bastidores, o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), travam uma disputa para transferir a culpa pela não aprovação da reforma. Enquanto auxiliares do presidente Michel Temer tentam culpar os parlamentares, Maia faz questão de enumerar uma série de erros de estratégia do governo na articulação da reforma.