A libra recuou ante o dólar ao nível mais baixo em mais de dois anos, pressionada pela percepção de maior risco de uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) – o “Brexit” – sem acordo com o bloco econômico. Já a moeda americana teve desempenho misto ante divisas rivais nesta terça-feira, 30, enquanto investidores aguardam pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que será anunciada amanhã.

Próximo ao fechamento do mercado em Nova York, o dólar caía a 108,59 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1158 e a libra recuava para US$ 1,2156. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes, fechou em alta de 0,01% aos 98,050 pontos.

A libra chegou a ser vendida a US$ 1,2091 na sessão de hoje, o preço mais baixo desde 16 de janeiro de 2017. A erosão do valor da moeda britânica ocorre em meio às crescentes preocupações quanto a um Brexit sem acordo, cenário considerado por analistas e autoridades como prejudicial ao Reino Unido e à Europa.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, vem reforçando o compromisso de divorciar o país da UE no dia 31 de outubro “com ou sem acordo”. Para analistas da Eurasia, a estratégia de Johnson é adotar uma postura agressiva para convencer o bloco econômico de sua determinação a sair sem acordo, enquanto busca uma renegociação dos termos da proposta atual. “Ninguém, incluindo o próprio Boris, sabe a que proximidade do abismo ele irá guiar o carro do Reino Unido, ou mesmo se ele pretende parar”, avaliam os especialistas.

O dólar, por sua vez, vem operando sob as expectativas de que o Fed anuncie um corte de 25 pontos-base da taxa de juros amanhã, como indicam 78% das apostas nos futuros dos Fed funds monitoradas pelo CME Group. A divisa americana se manteve firme ante moedas fortes como o dólar australiano, dólar canadense e franco suíço, mas teve recuo moderado contra o iene. Hoje, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu não alterar sua política monetária e reiterar sua intenção de manter os juros em níveis baixos “pelo menos até meados de 2020”.

Já o euro teve ligeiro avanço ante o dólar, firmando-se acima da mínima de dois anos registrada na semana passada após as sinalizações de estímulo do Banco Central Europeu (BCE) nos próximos meses, segundo o analista sênior da Western Union, Joe Manimbo. “A perspectiva para política monetária parece favorecer um euro mais fraco ante o dólar, dada a noção de que o BCE está acomodando por necessidade, enquanto os EUA estão se protegendo contra efeitos negativos globais”, avalia Manimbo.

O rublo teve fortalecimento moderado nesta terça-feira, favorecido pela valorização do petróleo. Por outro lado, o dólar canadense teve perdas limitadas pela alta da commodity energética, mas ainda registrou leve queda ante a moeda americana, com expectativa de desaceleração econômica em maio no Canadá, segundo o analista da Western Union. “Se os dados desta semana confirmarem a economia mais fraca, aumentam as chances de um corte de juros neste ano”, afirma Manimbo.