Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) admitiu que a liberação de verbas é um atrativo para sensibilizar parlamentares a apoiar o governo. “Tem uma sensibilização porque, se o parlamentar tem mais acesso, acaba sendo atendido. É evidente que, quando o governo tem essa sintonia e trabalha com municípios e Estados, tem uma tendência de que fique com o governo. Isso sempre foi assim mesmo em outros governos”, afirmou.

Questionado sobre a falta de transparência quanto à autoria da indicação para os repasses, o líder do governo disse que é possível obter essas informações olhando as notícias e as postagens nas redes sociais. No entanto, ele reconheceu que seria conveniente “uma dinâmica mais clara” na divulgação.

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que conseguiu R$ 70 milhões, afirmou ter buscado o governo e deixou claro que a liberação acontece somente após as negociações com o Planalto. Ele detalhou o “balcão de negócios” dizendo que chegou a procurar a Secretaria de Defesa Civil na busca de recursos contra a seca. “O secretário me disse que o recurso ‘aqui’ é zero. Então perguntei: ‘para que serve a secretaria?’ Ele me disse: ‘aqui só tem recurso se vier (com indicação) do palácio’.”

O deputado Altineu Cortês (PL-RJ) negou qualquer influência política nos repasses – que, conforme determina a legislação, devem ser feitos por critérios técnicos. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) também disse não ter tratado de repasses com o governo.

Em nota, Kassab declarou que “as bancadas do partido têm autonomia para a discussão junto ao governo”. Ele não respondeu sobre o dinheiro atrelado a seu nome. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.