Na segunda-feira 12, uma ligação telefônica da Polícia Federal para o escritório da Nike, em São Paulo, avisou que 150 pares do tênis Shox tinham desembarcado no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Os produtos haviam sido comprados no site de leilões americano eBay. Sem demora, um profissional treinado por um grupo de empresas que inclui a fábrica de canetas Bic e a São Paulo Alpargatas foi até o local verificar o conteúdo das caixas. Os tênis eram falsos. A rotina se repete em Santos, em Paranaguá e em Brasília. Até hoje, mais de 500 encomendas com produtos Nike falsos foram interditadas. Com o aumento do uso da internet, os sites de leilões eBay, Mercado Livre e Arremate têm se tornado alvo de ações judiciais de empresas preocupadas em resguardar suas marcas. Nesses sites, qualquer pessoa pode colocar um produto novo ou usado para vender. O problema está no fato de que é muito difícil impedir que alguém coloque no ar uma mercadoria falsa. ?Se eles não conseguem impedir que os produtos falsos apareçam, então não queremos ter nossa marca no site?, diz Fábio Espejo, diretor-financeiro da Nike.

 

O grupo Richmont, que detém os direitos sobre as marcas Cartier e Mont Blanc, já entrou com duas ações judiciais contra os sites Mercado Livre e Arremate por vender produtos de suas marcas. Alguns produtos eram descaradamente anunciados como ?réplicas?. As empresas de internet alegam que não possuem responsabilidade uma vez que quem coloca os produtos à venda são os usuários. ?Os sites recebem uma comissão pela venda e por isso também são responsáveis?, diz Renato Opice Blum, advogado especialista em internet. De acordo com ele, os sites deveriam barrar a inscrição de produtos ilegais. ?Só quem não conhece como o site funciona pode pensar em algo assim?, diz Stelleo Tolda, diretor do Mercado Livre. ?Todo mundo tem o direito de colocar um produto no site. Não há lei contra isso.?

O Mercado Livre montou uma equipe de doze pessoas que diariamente varre suas páginas à procura de produtos irregulares. Além disso, um software específico faz uma análise dos valores cobrados e das palavras e expressões usadas em busca de indícios de falsificação. Os advogados de acusação argumentam que isso não é suficiente. ?Quando o site tira o produto do ar já é tarde demais?, diz José Roberto Gusmão, advogado do escritório Gusmão & Labrunie, que defende o grupo Richmont. ?O ideal seria instalar um filtro para impedir a inserção desses produtos.?