Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) – Um leilão nesta sexta-feira para contratar novas usinas de geração com o objetivo de atender à demanda em áreas da região Norte fechou a compra da produção futura de empreendimentos a diesel, biodiesel e gás.

Entre as empresas vencedoras da licitação, que precisarão entregar os projetos em abril de 2023, estão Rovema Energia, Usina Xavantes e BBF Energia, esta última por meio de dois consórcios, segundo informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

As instalações de geração viabilizadas pelo pregão, realizado pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atenderão áreas isoladas e não conectadas ao sistema elétrico interligado do Brasil no Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.

Os projetos demandarão investimentos totais de cerca de 355,5 milhões de reais, ainda segundo a CCEE, que operacionalizou o leilão.

Os vencedores deverão atender 23 localidades com empreendimentos que somarão potência total de cerca de 127 megawatts, mostraram os dados da CCEE.

A disputa pelos contratos de suprimento ofertados na licitação, com duração de até 180 meses, teve usinas a gás, diesel ou fontes renováveis.

Alguns projetos que envolviam sistemas híbridos, associados a geração solar e baterias, chegaram a participar, apesar de não terem saído vitoriosos, disse o gerente executivo da secretaria de leilões da Aneel, André Patrus.

“Infelizmente eles ainda não foram competitivos o suficiente, mas se cadastraram, estavam presentes e chegaram a dar lances também agressivos”, afirmou, em coletiva de imprensa.

A presença ainda relevante de projetos a diesel acaba sendo inevitável porque o combustível, apesar de poluente, ainda é a fonte mais disponível e de menor preço para muitas regiões mais isoladas, disse o secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia.

“Não podemos banir o diesel… infelizmente a gente não pode garantir o suprimento 100% com renováveis, principalmente em localidades muito longínquas.”

O resultado final do certame representou deságio médio de 15% ante os preços-teto, disse o chefe da CCEE, Rui Altieri.

O diretor de Estudos de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Erik Rego, classificou os valores como positivos, uma vez que ficaram abaixo da média de usinas nos sistemas isolados, enquanto alguns projetos chegaram até a ser mais competitivos que alguns empreendimentos da rede interligada, se considerados custos totais.

“São condições diferentes, mas a gente vê que a competição trouxe preços em valores inferiores ao histórico (em áreas isoladas)”, afirmou.

LOTES

A Rovema Energia venceu o lote 1, maior do leilão, com projetos termelétricos a óleo diesel que atenderão a demanda de localidades no Acre. O investimento total é previsto em 161,6 milhões de reais. A empresa ofertou preço de 1.098 reais por MWh, com deságio de 15,08%.

A Usina Xavantes levou o segundo lote, com ativos a gás natural para fornecimento de energia no Amazonas. A empresa deve investir quase 90 milhões, segundo estimado pela CCEE. O preço de venda foi de 890 reais por MWh, deságio de 31,96%.

O terceiro e o quarto lotes foram arrematados por consórcios com a Brasil BioFuels (BBF), que construirá projetos a biodiesel B100 (sem mistura com diesel) no Pará e Rondônia.

Os empreendimentos no Pará têm investimento estimado de 78 milhões de reais e preço de energia de 1.100 reais por MWh, deságio de 23,5%. Em Rondônia, os projetos negociaram a produção por 1.252 reais por MWh, deságio de 10,1%, e exigirão cerca de 5,7 milhões de reais.

O último lote ficou com a Usina Xavantes, que também levou o segundo bloco do leilão. A empresa deve aportar 20,3 milhões de reais para fornecer energia com óleo diesel em Roraima. O preço de venda foi de 989,97 reais por MWh, deságio de 20,99%.

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