Um grupo de legisladores americanos, liderado pela representante indígena Deb Haaland pediu ao Congresso brasileiro que rejeite um controverso projeto de lei (PL) por considerá-lo “muito prejudicial” para a Amazônia, de acordo com uma carta divulgada nesta terça-feira (2).

Em carta endereçada ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, Haaland e 18 congressistas pediram aos colegas brasileiros que não aprovem o PL 2633/20, que trata da regularização fundiária e é conhecido por seus críticos como “PL da Grilagem”.

“Entendemos que esse projeto é muito prejudicial para a floresta amazônica, uma vez que legalizará grandes áreas de terras públicas que já foram ocupadas e desmatadas ilegalmente”, afirmaram os legisladores americanos, todos do Partido Democrata.

“Pior ainda, tememos que isso incentive mais destruição da floresta amazônica. Nosso planeta não pode pagar por isso, especialmente durante um período de crise global e climática da biodiversidade”, acrescentaram.

Entre os signatários da carta está o “Esquadrão”, como são conhecidas as quatro representantes da ala à esquerda do Partido Democrata, membros de minorias que chegaram à Câmara Baixa em 2018: Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York; Ilhan Omar, de Minnesota; Ayanna Pressley, de Massachusetts; e Rashida Tlaib, do Michigan.

O grupo promove o “Green New Deal” (Novo Acordo Verde), um pacote legislativo para tratar das mudanças climáticas e das desigualdades econômicas.

O projeto de lei foi apresentado após a caducidade da Medida Provisória apresentada pelo governo Bolsonaro em fevereiro como um “sonho”, mas líderes indígenas e ativistas ambientais a consideram um “pesadelo”.

Haaland, indígena do Novo México que fez história ao ingressar na Câmara de Representantes (deputados) dos Estados Unidos em 2018, recebeu uma delegação do Congresso Brasileiro no final de fevereiro para discutir a questão. O grupo incluiu Joenia Wapichana, a primeira mulher indígena eleita deputada federal no Brasil.

Em maio, as principais redes de supermercados britânicas alertaram que poderão boicotar seus produtos se o projeto de lei “que comprometeria a sobrevivência da Amazônia” for aprovado.

O desmatamento na floresta amazônica alcançou níveis recorde nos primeiros quatro meses de 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (Inpe).