Por Michelle Nichols e Daphne Psaledakis e Humeyra Pamuk

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, defendeu a guerra da Rússia na Ucrânia durante reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira, depois que as Nações Unidas advertiram Moscou contra a anexação de regiões ucranianas e ministros ocidentais pediram responsabilização por atrocidades.

Lavrov esteve no sala do conselho apenas para proferir seu discurso na reunião do órgão de 15 membros, que contou com a presença do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e do ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. Lavrov não ouviu nenhum discurso dos outros países.

“Notei hoje que os diplomatas russos fogem tão apropriadamente quanto as forças russas”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, à reunião do Conselho de Segurança.

O conselho, que se reuniu sobre a Ucrânia pelo menos pela 20ª vez este ano, não pôde tomar medidas significativas porque a Rússia é um membro permanente com direito de veto, assim como Estados Unidos, França, Reino Unido e China.

Lavrov acusou Kiev de ameaçar a segurança da Rússia e “pisar descaradamente” nos direitos dos russos e dos russófonos na Ucrânia, acrescentando que isso “simplesmente confirma que a decisão de conduzir a operação militar especial era inevitável”.

Kuleba, da Ucrânia, afirmou: “A quantidade de mentiras vindas dos diplomatas russos é bastante extraordinária”.

Lavrov disse que os países que fornecem armas à Ucrânia e treinam seus soldados foram partes no conflito, acrescentando que “o fomento intencional deste conflito pelo Ocidente permaneceu impune”.

Blinken prometeu que os EUA continuariam a apoiar a Ucrânia para se defender

“A própria ordem internacional que nos reunimos aqui para defender está sendo desfeita diante de nossos olhos. Não podemos deixar o presidente Putin escapar”, disse ele ao conselho, que se reuniu durante o encontro anual dos líderes mundiais para a Assembleia Geral da ONU.

PREOCUPAÇÕES COM OS REFERENDOS

Milhares de pessoas foram mortas e cidades ucranianas foram reduzidas a escombros desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou na quarta-feira usar armas nucleares para defender a Rússia e avançou nos planos para anexar território ucraniano.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse ao conselho que um conflito nuclear é “totalmente inaceitável” e também disse que os planos para os “assim chamados” referendos são preocupantes.

“Qualquer anexação do território de um Estado por outro Estado resultante da ameaça ou uso da força é uma violação da Carta da ONU e do direito internacional”, disse Guterres.

Referendos sobre a adesão à Rússia devem ocorrer de sexta a terça-feira em várias regiões majoritariamente controladas pela Rússia no leste e sul da Ucrânia, que compreendem cerca de 15% do território ucraniano.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) Karim Khan disse ao conselho que havia “motivos razoáveis” para acreditar que crimes dentro da jurisdição do tribunal tinham sido cometidos na Ucrânia. O Tribunal de Haia trata de crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de agressão.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e outros membros do conselho pediram que a Rússia fosse responsabilizada pelas atrocidades que dizem ter sido cometidas por Moscou na Ucrânia. A Rússia nega ter como alvo os civis, descrevendo as acusações de abusos de direitos como uma campanha de difamação.

“Devemos deixar claro ao presidente Putin que seu ataque ao povo ucraniano deve parar… que não pode haver impunidade para aqueles que cometem atrocidades”, disse o ministro das Relações Exteriores britânico, James Cleverly, acrescentando que o mundo precisa rejeitar o “catálogo de mentiras” de Moscou.

Wang, da China, disse que a prioridade era retomar o diálogo sem condições prévias e que ambos os lados exerçam contenção e não aumentem as tensões.

“A posição da China sobre a Ucrânia é clara”, disse Wang. “A soberania, a integridade territorial de todos os países deve ser respeitada e as preocupações razoáveis de segurança de todos os países devem ser levadas a sério”.

(Reportagem de Humeyra Pamuk, Michelle Nichols, Daphne Psaledakis, John Irish e Brendan McDermid)

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