O mais novo paraíso fiscal do planeta fica a apenas 13 quilômetros da costa da Inglaterra, mas está fora do alcance de qualquer Banco Central. Chama-se Sealand, tem apenas 560 metros quadrados, mas possui bilhões de gigabytes de memória. Sealand é uma antiga plataforma marítima, usada como base para canhões na Segunda Guerra. A construção ficou abandonada até 1967, quando o ex-major Paddy Roy Bates, da Marinha de sua majestade, ocupou-a e proclamou a fundação de seu próprio principado. Ali, milhões de dólares em computadores estarão disponíveis para atividades que, em outros países, seriam proibidas ? de cassinos via Internet até bancos virtuais tão off-shore que estarão fora do alcance de qualquer mandado judicial. Como o país fica fora das águas territoriais inglesas, viveu tranqüilamente da pesca por trinta anos, sem ser incomodado pelos vizinhos. Mas o herdeiro Michael, de 47 anos, deu um passo polêmico ao associar-se a uma empresa de informática, a HavenCo, para criar um gigantesco banco de dados pirata.
A HavenCo se compromete a não abrir o acesso às informações de seus computadores a ninguém ? nem a hackers, nem a policiais de país algum. Mesmo que, para isso, tenha de apagar arquivos ou jogar computadores no mar. Há companhias que lucram bilhões por ano armazenando bancos de dados de grandes empresas, quase todas nos Estados Unidos, e constróem prédios à prova de terremotos, incêndios e catástrofes em geral. A grande idéia de Sealand foi montar um depósito num paraíso fiscal, o que permite guardar também dados comprometedores. Até agora, o único cliente que tem seu nome divulgado é o Tibet Online, o site do Dalai Lama, que luta no exílio contra os invasores chineses.

O grosso das operações de Sealand, porém, não deve ser tão espiritualmente elevado. Quando os equipamentos estiverem todos instalados, operações bancárias poderão ser feitas off-shore em apenas 20 milissegundos, a partir de Londres ou Paris. E o sigilo será maior do que nos paraísos fiscais atuais. Os controladores já anunciaram até restrições, para evitar a fúria dos vizinhos. ?Não serão aceitos sites de pornografia infantil, nem sabotagem eletrônica?, anuncia Ryan Lackey, da HavenCo.