Uma das quatro trilhas temáticas do maior evento sobre varejo e experiência de consumo da América Latina, a inovação é detalhada em estudo inédito elaborado pela equipe internacional de especialistas da Worth Global Style Network (WGSN), que DINHEIRO reproduz com exclusividade de forma resumida. Ele foi o tema da palestra apresentada na tarde desta quarta-feira (14) pela socióloga e jornalista Ligia Paes de Barros, head da WGSN Mindset. Responsável por liderar o desenvolvimento de estratégias para marcas como Nescafé, Natura, O Boticário, Sadia, Perdigão e Shell, Lígia é uma das dezenas de especialistas reunidas no evento que vai até a quinta-feira (15) em formato fígital: ao vivo no Expo Center Norte, em São Paulo, e com transmissão on-line. Prepare-se para vislumbrar (e entender) o futuro.

A sigla STEPIC corresponde às palavras em inglês para sociedade, tecnologia, meio ambiente, política, indústria e criatividade. Ela define a metodologia da WGSN, empresa de previsão de tendências fundada em 1998 em Londres pelos irmãos Julian e Marc Worth, para mapear os 12 temas incluídos no estudo Futuras Inovações. Destacamos cinco pontos-chave da pesquisa:

  1. Tecnologia de duas faces

O paradoxo tecnológico continua a se aprofundar, com novas plataformas que prometem um futuro melhor ao mesmo tempo em que contribuem para aumentar a desigualdade e segregação.
Segundo a Bloomberg Intelligence, o metaverso irá valer quase US$ 800 bilhões em 2024. As identidades virtuais irão mudar a forma como agimos e compramos. O reality show Alter Ego, onde competidores se apresentam nos bastidores enquanto seus alter-egos digitais ocupam o palco, já mostra como os avatares podem ser usados para alterar nossas personas.

  1. É tudo real

As mídias sintéticas estão evoluindo rapidamente. Assim como a realidade virtual (RV) e aumentada (RA), esses avanços levantam uma questão: como saber o que é ‘real’ quando vídeos, vozes, textos e dados podem ser facilmente alterados?
À medida que essa distinção perde importância, os ídolos virtuais oferecerão uma oportunidade muito atraente de anonimato – Vtubers (YouTubers com avatares digitais) como a japonesa Kizuna AI já alcançaram sucesso internacional.

Cena de “Planet City”, do cineasta australiano Liam Young, provoca uma reflexão sobre protopias ao mostrar uma metrópole habitada por tecelões de material descartado,
pastores de drones e coletores de algas
  1. Design de protopias

A necessidade urgente de imaginar e construir um futuro melhor irá levar o público e as marcas a explorarem o conceito de protopia – termo cunhado pelo futurista americano Kevin Kelly para descrever “um mundo que está melhor hoje do que ontem, ainda que só um pouco”.
Mais realista que uma utopia e mais motivadora que uma distopia, a ideia de protopia servirá de base para uma visão positiva do futuro, ou o que o ambientalista Bill McKibben define como um “mundo que vale a pena querer”.
Entre as iniciativas que promovem, no presente, uma ideia colaborativa de futuro usando metodologias como a análise preditiva e o futures thinking, há o programa de Futures Literacy da UNESCO; o Foresight Observatory, da britânica Careful Industries; o Festival Futuros Possíveis promovido pela Casa Firjan no Rio de Janeiro; e o novo Museu do Futuro de Nuremberg.

  1. Coletividade contemporânea

O investimento em infraestrutura vem se tornando uma prioridade cada vez maior. Por esse motivo, iniciativas inovadoras e colaborativas passarão a contribuir para a atualização do conceito de coletividade – espaços e sistemas compartilhados definidos segundo costumes e práticas culturais.
Sistemas alimentares colaborativos estão conectando comunidades e aumentando o acesso à alimentação: localizado em Salt Lake City, o Marcellus Foods é um mercado e centro regional de processamento de alimentos cujo objetivo é oferecer alimentação caseira saudável para todos.

  1. Inteligência coletiva

A importância das redes conscientes tende a aumentar conforme reconsideramos o conceito de ‘inteligência’ e passamos a trabalhar de forma coletiva para articular diferentes tipos de conhecimento.
O mercado global de IA irá valer US$ 554,3 bilhões até 2024, e cada vez mais produtos serão projetados com ajuda de máquinas. O setor de IA da Sony colaborou com a Universidade da Coreia para criar o FlavorGraph, um programa que prevê o resultado final da combinação de dois ingredientes. Para isso, ele combina dados de 1.561 moléculas de sabor com o arquivo de mais de um milhão de receitas da empresa.
A inteligência natural será um recurso igualmente atraente. Recentemente, o estúdio de design britânico Auroboros criou um vestido ‘vivo’ para Ai-Da, uma artista-robô humanoide, que irá se cristalizar e crescer com o tempo.

*Publicado com autorização da Gouvêa Ecosystem, empresa organizadora do Latam Retail Show