Há cerca de 10 anos, a Ducati lançou o que os especialistas chamam de supermoto. Com todo o vigor e estilo da marca italiana, a Desmosedici RR tem 1 mil cilindradas, chega a mais de 300 quilômetros por hora e custa cerca de R$ 270 mil. Antes mesmo de chegar às lojas do mundo, a máquina, feita com fibra de carbono e ligas de titânio e magnésio, já havia se tornado objeto de desejo dos apaixonados por motocicletas. Um deles é o ator Tom Cruise, astro de filmes como Missão Impossível, em que persguições sobre duas rodas e em alta velocidade são quase obrigatórias. Comprou a primeira Desmosedici RR a chegar na loja da grife em Beverly Hills, cidade dos multimilionários, nos Estados Unidos. Outro astro do cinema mundial, Keanu Reeves também tem uma Ducati na garagem. Não é difícil entender os motivos que fizeram Cruise e Reeves escolher a marca italiana na hora de comprar uma moto.

Sinônimo de estilo sobre duas rodas, a Ducati é célebre por unir, de forma harmoniosa, potência e design — sempre elegante e arrojado. Foi essa combinação que a tornou tão adorada e desejada por celebridades e anônimos. Essa paixão cruzou o Atlântico e se tornou realidade também no Brasil, onde tem se traduzido em números. Desde que chegou ao País, em 2012, a montadora tem, ano a ano, conquistado cada vez mais adeptos. E agora celebra seu melhor resultado semestral em terras tupiniquins, com crescimento de 32%, enquanto o segmento de motocicletas com mais de 500 cilindradas – no qual os modelos da Ducati se encaixam — teve alta de apenas 4,3% no mesmo período. Ou seja, a marca cresceu quase 8 vezes mais do que a média do setor. De janeiro ao final de junho deste ano, os brasileiros compraram 596 motos da companhia italiana, o que dá quase 100 motos por mês ou pouco mais de 3 motos por dia. Não é pouca coisa.

Panigale v4 S: é a primeira moto de 4 cilindros da Ducati fabricada no Brasil. Será lançada em agosto e ainda não tem preço definido, mas deve ficar em torno de R$ 120 mil (Crédito:Divulgação)

Os números colocam o País como um dos principais mercados da Ducati , que não divulga seu faturamento. “Hoje, o Brasil é o oitavo maior cliente dos nossos produtos no mundo”, afirma presidente da marca no Brasil, Diego Borghi. O País ainda perde para os grandes compradores de Ducati no planeta, como Itália – líder global, com 10 mil unidades vendidas ao ano – e Estados Unidos, (8 mil motos), mas já está à frente de países como Austrália e Canadá. E a expectativa da empresa é de que o crescimento seja ainda maior até o final deste ano. Um caminho para tornar a operação da companhia no Brasil mais produtiva e rentável para a matriz seria exportar. Com a fábrica em Manaus, poderia ser prático e barato enviar motos para países que fazem fronteira com a nossa Amazônia, como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. “O problema é que as tarifas de exportação do Brasil são proibitivas”, reclama Borghi. “Hoje, é mais barato produzirmos uma moto na Itália e vender na Colômbia, por exemplo, do que fazer a moto em Manaus para vender naquele país. O bom é que, apesar das dificuldades, seguimos crescendo”.

Segundo ele, são diversos os fatores que favorecem as vendas da Ducati por aqui.A reestruturação das operações no País, realizada nos últimos 2 anos, é um deles. “Abrimos mais concessionárias e otimizamos nosso portfólio, priorizando os novos produtos”, explica Borghi. Além disso, a empresa, que antes possuía oito concessionárias no Brasil, hoje tem 10 (alta de 25%). São duas lojas na capital paulista e mais duas no interior do Estado (Campinas e Ribeirão Preto), além de unidades em Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre.

Mercado: “O Brasil é o oitavo maior comprador de Ducati no mundo”, diz Borghi, CEO da empresa no País (Crédito:Divulgação)

MUITAS EMOÇÕES Para este ano, a companhia ainda pretende inaugurar concessionárias em mais duas praças: Florianópolis e Vitória. “Além disso, temos planos de abrir lojas no Nordeste, mas ainda não há nada definido”, destaca Borghi. Para ele, as competições de motocicletas também ajudam a atrair olhares – e desejos – para a marca. Um bom exemplo é a atual temporada da MotoGP, espécie de Fórmula 1 das motos e que tem duas Ducati entre os 5 primeiros colocados. “Muitos dos nossos clientes curtem essas provas. Eles vêem a Ducati nas pistas e compram nosso produto estimulados pelas motos de corrida”, observa o CEO. “É como se fosse uma mensagem subliminar”, declara.

Diego Borghi ressalta outro fator que considera preponderante para o crescimento no Brasil. Trata-se do que ele chama de “experiência do cliente pós-venda” e inclui pontos como assistência técnica autorizada, estoque de peças na cidade do comprador (ou envio em até 48 horas) e unidades em diversas regiões. “Nossa marca, por si só, já atrai os apaixonados por moto e abre as portas para a primeira venda. Com o pós-venda qualificado, fidelizamos o cliente e garantimos a segunda e a terceira vendas. E por aí vai”, diz Borghi. “Esse é o crescimento sustentável que buscamos”. Ele também destaca o Ducati Riding Experience (DRE), programa que leva os compradores da marca a ter experiências únicas com a máquina, com atividades que vão desde exercícios de slalom e aulas de frenagem a técnicas de pilotagem em super esportivas. “Tudo isso agrega emoção e sentimento na relação do nosso público com a Ducati. E sentimento vale mais do que qualquer coisa”.

Scrambler Custom: em estilo clássico e um belo tom prateado, sai por R$ 41.900 (Crédito:Divulgação)

SUCESSO GLOBAL E é justamente trilhando os caminhos das motos super esportivas que a Ducati passará a fabricar e vender no Brasil a Panigale V4 S, a partir do próximo mês. Será a primeira moto de quatro cilindros da marca produzida em território nacional, em Manaus, uma das três fábricas da companhia no mundo – as outras ficam na Itália e na Tailândia. A Panigale é um estrondoso sucesso global. De cada quatro motos da categoria suberbike – como são chamadas as máquinas com motor e design das de corrida – vendidas no mundo em 2018, uma era da linha Panigale. A companhia ainda não definiu quanto a fera custará no Brasil, mas o preço deve ficar em torno de R$ 120 mil.

Batizada com o nome do bairro da cidade de Bolonha onde fica a sede da Ducati, a Panigale V4 S foi desenvolvida exatamente para atrair e encantar os amantes da velocidade e das competições. Ela é praticamente uma moto de corrida. Com 1100 cilindradas, chega aos 300 quilômetros por hora sem muito esforço, possui suspensão eletrônica e sistema anti-derrapagem, também eletrônico. Com esse pacote tecnológico e design ultra-arrojado, a moto fez cair os queixos dos visitantes presentes ao Salão de Milão do ano passado, onde a Panigale V4 foi apresentada ao público pela primeira vez. A crítica especializada chegou a dizer que se tratava da moto de série mais fantástica dos últimos anos. Entendeu agora por que o Tom Cruise queria tanto uma Ducati na garagem?