SÃO PAULO (Reuters) – A unidade de ensino superior da Cogna, Kroton, deve voltar a ter crescimento de receita em 2023, em meio a uma perspectiva mais otimista de retorno de alunos presenciais no ano que vem e uma ampla reestruturação acelerada pela pandemia, afirmaram executivos do grupo educacional nesta segunda-feira.

As ações da Cogna lideravam as baixas do Ibovespa nesta segunda-feira, com o papel sendo negociado em queda de 7,2% às 13h50, enquanto o Ibovespa mostrava estabilidade.

Nos últimos meses, a Kroton lançou 42 cursos digitais e reduziu em 21% o aluguel de suas unidades físicas, transferindo 29 campi para parceiros, em uma estratégia de enxugamento de custos que incluiu um corte de 37% nas despesas com marketing e de 32% no custo de aquisição de alunos.

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Com isso, o grupo prevê que 70% de sua receita em 2025 virá de suas plataformas de ensino, dos cursos de medicina, agregados sob a unidade KrotonMed, do ensino hibrido (presencial e online) e digital. Este ano a proporção é de 44%.

Segundo o presidente da Kroton, Roberto Valério, novas revisões na estrutura física da companhia não são mais necessárias, enquanto ela se prepara para retomada na captação de alunos presenciais.

Mas o aumento da receita da Kroton mesmo, só em 2023, disse o presidente da Cogna, Rodrigo Galindo, ressaltando que na Cogna como um todo isso deve ocorrer já em 2022. Ambos participaram de apresentação a analistas e investidores sobre a companhia.

“A Kroton não precisa de mais reestruturação…A gente acredita numa retomada de captação (de alunos) a partir de 2022”, disse Valério. “Existe uma demanda reprimida que vai acontecer, até pela própria performance das últimas semanas durante as atividades de captação”, acrescentou.

Ele ressaltou que o crescimento da base de alunos presenciais, diferente de antes da reestruturação, vai ocorrer mais concentrado em cursos de maiores mensalidades, enquanto aqueles que incluem pedagogia e contabilidade, por exemplo, foram migrados para plataformas online do grupo.

MEDICINA

A Cogna anunciou pela primeira vez nesta segunda-feira números de sua operação de ensino de medicina agregados na forma de uma unidade chamada KrotonMed.

A apresentação ocorreu poucos dias após a rival Ânima vender 25% de sua subsidiária de ensino de saúde Inspirali por 1 bilhão de reais, com executivos da companhia afirmando que um IPO da empresa é uma possibilidade a ser considerada.

Galindo disse que a KrotonMed terá receita líquida de 482 milhões de reais em 2022 e um Ebitda de 224 milhões, com margem de 46,5%, e chance da base de alunos subir de 3 mil para 5.250.

Segundo o presidente da Cogna, a opção por separar os negócios de medicina na unidade KrotonMed via um “carve out societário”, foi para que a empresa tenha a “opcionalidade” de fazer movimentos de expansão sem eventualmente diluir os acionistas da Cogna.

“Isso foi um movimento interno da companhia, não fazia sentido trazer isso para público mais cedo”, disse Galindo sobre o momento do anúncio da KrotonMed.

“Vamos criar uma opcionalidade para uma potencial transação…Não tem nada na mesa, mas queremos ter uma operação eminentemente de medicina, com 76% do Ebitda em medicina, para gerar uma opcionalidade”, disse Galindo ao ser questionado sobre os planos da Cogna para a KrotonMed. “Qual será essa opcionalidade? Não sabemos”, acrescentou.

AQUISIÇÕES

O presidente da Cogna citou que a KrotonMed alternativamente poderia usar seus próprios ativos “para atrair um parceiro que agregue uma faculdade de medicina…Pode fazer sentido para a gente usar equity dessa própria subsidiária.”

Galindo afirmou que a Cogna tem espaço no balanço para fazer pequenas e médias aquisições no próximo ano sem incorrer em risco de ultrapassar covenants de alavancagem de 3 vezes.

A Cogna poderá chegar a níveis de “até 2,5, 2,6 vezes, o que dá uma margem para a Vasta fazer todas as aquisições previstas no modelo de negócios”, disse Galindo referindo-se à unidade de sistemas de ensino. A Cogna fechou setembro com índice de 2,07 vezes a dívida líquida sobre Ebitda ajustado.

Sobre eventuais novas recompra de ações, como a aprovada pela Vasta em agosto, Galindo disse que tanto a Vasta quanto a Cogna não descartam novos programas, mas não deu detalhes.

 

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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