De favorita ao prêmio de R$ 1,5 milhão do BBB 21 (Big Brother Brasil), a rapper Karol Conká acumula cancelamentos e pode ter prejuízo de até R$ 5 milhões, considerando perdas com publicidade no Instagram, shows e programas de TV. Os cálculos são da Brunch, agência especializada em influência digital.

A agência levou em consideração três aspectos para chegar ao preço de uma publicidade nas redes sociais do criador: custos de produção, uso de imagem e distribuição.

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No caso da Karol, um post em foto no feed custa R$ 24 mil e ela faz em média dois por mês, o que totaliza R$ 48 mil. Cada show da artista sai por R$ 150 mil. Se ela fizer  quatro shows mensais são mais R$ 600 mil. Juntando redes sociais e shows, os ganhos dela chegam a R$ 648 mil por mês. A cantora tem ainda pelo menos um contrato publicitário de R$ 1 milhão.

Além disso, entraria no ar o programa Prazer Feminino, na GNT, em que Karol apresentaria com a ex-BBB Marcela McGown. A Brunch considera que o programa lhe renderia algo perto de R$ 300 mil, mas a emissora decidiu adiar a sua estreia.

A produção do Rec-beat, festival musical online do Nordeste, informou que não vai exibir o show pré-gravado de Conká na edição deste ano por conta das polêmicas dentro da casa.

“Se ela estava planejando usar o BBB como plataforma para impulsionar seus shows e contratos publicitários, é importante salientar que, ao sair da casa com a reputação tão prejudicada e com shows já cancelados, ela ainda deve levar tempo para recuperar este ritmo de trabalho e não retomará aos ganhos que tinha antes do programa”, diz Ana Paula Passarelli, cofundadora da Brunch.

Considerando que ela leve seis meses para voltar ao ritmo de trabalho novamente e se ao menos um contrato anual no valor de R$ 1 milhão for cancelado, ela terá deixado de faturar quase R$ 5 milhões de reais este ano, avalia a especialista.

“Vemos que o público ficou muito decepcionado porque a Karol Conká demonstrou alguns valores diametralmente opostos aos que ela pregava nas redes sociais e na maneira como ela colocava sua persona pública. Houve uma quebra de confiança”, dizem Satye Inatomi e Thais Faccin, sócias da Jahe Marketing, empresa de marketing digital.

Cancelamentos

Karol entrou no reality com cerca de 1,7 milhão de seguidores no Instagram. Nesta segunda-feira (8), sua conta na rede social contava com 1,3 milhão de admiradores.

Uma sucessão de polêmicas dela dentro da casa e erros na condução do problema por sua equipe do lado de fora contribuíram para a derrocada da artista. “O administrador da rede social dela errou ao tentar justificar os erros, não pedir desculpas e não assumir um compromisso público de mudança”, diz Ana Paula.

De fato, a tentativa de ‘limpar’ a imagem da rapper não está surtindo efeito. Além de perder seguidores, os posts tentando explicar as atitudes dela são bombardeados pelos internautas.

Em duas semanas na casa mais vigiada do Brasil, Karol teve episódios de xenofobia, relativização de assédio, preconceito religioso e de perseguição a outro candidato. Além de perder contratos, a artista perdeu também o apoio do seu fã clube, que tirou do ar a página em homenagem a ela.

“Uma grande polêmica que tenho visto é o descompasso entre discurso e prática. A Conká era super ativista pelas causas feministas e raciais e chegou no BBB e o comportamento não condiz com as bandeiras que levantava, então muitas vezes é uma militância egocêntrica para se promover e não exatamente para favorecer e ajudar à causa. Acho que alguns cuidados são avaliar o que postar e que efeitos isso tem para a reputação da marca, carreira profissional ou organização representada”, ensina Vivian Rio Stella, doutora em linguística pela Unicamp.

Satye Inatomi e Thais Faccin destacam que é muito mais difícil construir uma reputação já arranhada do que uma do zero. “Será um processo doloroso e, possivelmente, longo. Como qualquer marca, ela precisa se reconstruir com base na verdade e nos valores que ela de fato carrega. Estamos na era da hipertransparência. Não adianta falar algo e não sustentar”, dizem.

Mas não dá para esquecer que o fato dela ser mulher e negra também pesam nesta cultura do cancelamento. “O Biel, anos atrás, também passou por situação semelhante, mas foi vice-campeão da A Fazenda”, diz Ana Paula ao lembrar  que as atitudes do Projota também tem levado a cancelamentos e desagradado ao público, mas não tomou a proporção que teve com a Karol.

Karol chegou a ser indicada para o paredão neste domingo (7), mas se livrou da berlinda após vencer uma prova Bate e Volta. A artista ganha mais uma chance de tentar reverter a imagem que foi criada no programa. Do lado de fora, ela terá um grande desafio de reconstruir a sua imagem, com um reposicionamento da carreira e também da pessoa humana e vulnerável. Resta saber se ela estará disposta a assumir os erros e tentar mudar.