Um tribunal de apelação da Malásia ratificou nesta quarta-feira (8) a condenação a 12 anos de prisão do ex-primeiro-ministro Najib Razak pelo escândalo de corrupção do fundo 1MDB, que provocou a queda de seu governo em 2018.

“Rejeitamos o apelo do demandante”, afirmou o juiz Abdul Karim Abdul da Corte de Apelações na capital administrativa de Putrajaya. “Confirmamos a condenação da Alta Corte nas sete acusações”, completou.

O ex-primeiro-ministro pretende apresentar um último recurso ao principal tribunal do país e seguirá em liberdade sob fiança até o fim do processo.

O político de 68 anos foi considerado culpado no ano passado de todas as acusações apresentadas no primeiro julgamento vinculado ao caso do fundo soberano 1Malaysia Development Berhad (1MDB), uma fraude com ramificações em vários países.

Najib e sua equipe foram acusados de roubar milhões de dólares do fundo de investimentos para gastar em todo tipo de bens, de imóveis de luxo até obras de arte.

O primeiro julgamento foi concentrado na transferência de 42 milhões de ringits (9,9 milhões de dólares) do fundo para contas bancárias de Najib.

A quantia é pequena quando comparada à vinculada ao segundo julgamento pelo escândalo 1MDB, centrado nas acusações de que teria obtido de modo ilícito mais de 500 milhões de dólares.

O ex-chefe de Governo recorreu à Corte de Apelações contra a sentença, que atribuiu a Najib os crimes de abuso de poder, lavagem de dinheiro e abuso de confiança, entre outras. Ele também foi condenado a pagar multa de 50 milhões de dólares.

O juiz Karim rejeitou os argumentos da defesa de Najib de que o réu acreditava que o dinheiro era uma doação da monarquia saudita.

Na decisão, o juiz afirma que as ações do ex-primeiro-ministro são “uma vergonha nacional” e que ele tinha “conhecimento dos 42 milhões de ringits (depositados) em sua conta e desonestamente fez um uso fraudulento” da quantia.

O magistrado aceitou o pedido de Najib de permanecer em liberdade enquanto prepara o último recurso.

Nem o réu nem seus advogados compareceram ao tribunal para a sentença e acompanharam a audiência pela internet, depois que um membro de sua equipe jurídica testou positivo para covid-19.

O escândalo teve um papel importante na surpreendente derrota nas eleições de 2018 da coalizão de governo de Najib Razak, que chegou ao poder em 2009 e ainda é muito popular.