Um movimento de realização de lucros sustentou os juros futuros em alta durante a maior parte desta terça-feira. Como as taxas caíram por quatro sessões seguidas na semana passada e fecharam segunda de lado, houve espaço para a recomposição de prêmios neste dia de agenda sem destaques e que também marca o retorno de investidores estrangeiros após o feriado do Dia de Colombo nos Estados Unidos. O andamento do projeto sobre a partilha dos recursos da cessão onerosa no Senado é considerado boa notícia, mas sem força para estimular a montagem de novas posições vendidas. O texto foi aprovado no começo da tarde pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sem alterações em relação à Câmara e deve passar ainda nesta terça no plenário.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 estava em 4,61%, de 4,567% segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,550% para 5,63%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,32%, de 6,241%.

“É mesmo uma realização, já que nos últimos dias tivemos sessões muito boas. Não tem nada forte no âmbito doméstico nem externo”, disse o economista da Mongeral Aegon Investimentos Breno Martins.

O ajuste, contudo, é visto como bastante moderado em relação ao tamanho do alívio de prêmios registrado desde a divulgação da deflação do IPCA de setembro, de 0,04%, na última terça-feira. “Um dia antes, o DI para janeiro de 2022 tinha fechado em 5,5% e ontem (segunda) quase beliscou 5%. Hoje (terça) fechou nos 5,11%, ou seja devolveu muito pouco”, destacou Martins.

As taxas até chegaram a renovar máximas na última hora da sessão regular em linha com a piora do câmbio, mas nada que indique tendência. Mesmo com o dólar pressionado – a moeda voltou a ficar acima dos R$ 4,16 -, a correção do DI tem fôlego limitado pela perspectiva de queda da Selic, num cenário inflacionário bastante benigno e de retomada muito gradual da atividade.

As apostas do mercado por ora parecem caminhar para Selic a 4,5% no fim do ciclo de afrouxamento monetário, mas vem crescendo a corrente dos que esperam patamar de 4% e sem descartar o rompimento deste “piso”. Para o Copom de outubro, há consenso em torno de uma redução de 0,50 ponto porcentual, mas a chance de uma decisão mais agressiva, de queda de 0,75 ponto, também não pode ser ignorada.