A escalada da crise na Turquia espalhou aversão ao risco nos mercados, mantendo pressionadas as moedas de economias emergentes e puxando para cima os juros futuros. As taxas dispararam na ponta longa, levando à forte inclinação da curva. No cenário doméstico, a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e a repercussão do debate entre os presidenciáveis ontem à noite ficaram em segundo plano nesta sexta-feira, 10.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a 8,42%, de 8,09% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 9,16% para 9,52%. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 11,00%, ante 10,63% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,66%, de 11,31%.

Os receios com Turquia já afetavam o mercado de juros desde ontem, mas hoje cresceram com as novidades do noticiário relacionado ao país. A desconfiança de ingerência política do governo sobre o banco central aumentou depois que o presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que seu país não elevará os juros, mesmo com a escalada da inflação. Erdogan também pediu para todos os cidadãos que troquem dólares, euros e ouro por liras. O dólar voltou a renovar máximas históricas ante a lira, com avanço de 15% durante a tarde. A crise contaminou moedas de economias emergentes em geral e, no Brasil, o dólar subiu 1,75%, para R$ 3,8681.

Ainda, a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de dobrar tarifas sobre aço e alumínio da Turquia contribuiu para o estresse, que ainda foi acentuado pelo temor de contágio na Europa, depois que britânico Financial Times informou que o Banco Central Europeu (BCE) estaria preocupado com a exposição de alguns dos principais bancos europeus ao país euro-asiático.