Os juros futuros de médio e longo prazos abandonaram a alta mostrada desde o início da sessão e passaram a cair com a leitura dos sinais emitidos pelo Federal Reserve. Já as taxas de curto prazo fecharam perto dos ajustes de terça, com os investidores à espera do comunicado do Copom. A expectativa majoritária é de que a taxa será mantida em 6,50%, mas também que, assim como Federal Reserve, o comunicado deve ter um tom menos conservador que possa sugerir cortes no segundo semestre.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta as expectativas do mercado para a Selic nas reuniões do Copom em 2019, fechou na mínima de 6,085%, de 6,073% terça no ajuste. A do DI para janeiro de 2021 terminou em 6,03%, ante 6,019% no ajuste anterior. No miolo da curva, a taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,961% para 6,91%. Nos longos, a do DI para janeiro de 2025 passou de 7,501% para 7,42%.

Como esperado, o Fed manteve os juros inalterados na faixa entre 2,25% e 2,50%, mas houve sinalizações lidas como “dovish” para as próximas reuniões, como medianas mais baixas para inflação e juros. Além disso, neste encontro, nove dirigentes votaram a favor da manutenção dos juros e um, James Bullard, apoiou corte de 25 pontos-base. Profissionais destacam ainda a retirada do termo “paciência” que vinha aparecendo nos textos recentes quando o Fed se referia a futuros movimentos nas taxas. “O Fed deu sinalização de baixa de juros, mas sem se comprometer com o timing. E o voto de Bullard me parece que não estava no radar de muita gente, o que pode ser um sinal sobre para onde o board está se movendo”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

Além da mensagem do Fed em si, as taxas longas, que antes do Fed apontavam leve alta em linha com o câmbio, foram influenciadas pela virada do dólar para baixo e pela aceleração do recuo dos rendimentos dos Treasuries.

Ao longo do dia, foi grande a expectativa pelo comunicado do Copom que, no entanto, vai mexer com a curva somente na sexta-feira, dado que esta quinta é feriado de Corpus Christi. Quanto à Selic, a curva precificou uma pequena chance, em torno de 10% (-2,6 pontos-base), segundo a Quantitas Asset, de um corte de 25 pontos-base na reunião, vista mais como uma aposta alternativa do que como projeção firme.

“O Copom não deve mexer na taxa, mas deve reconhecer o desapontamento com o ritmo da recuperação da economia e deve vir com alteração no balanço de risco”, disse Caramaschi. No último encontro, em maio, o balanço de riscos do BC para a inflação mostrava-se simétrico, mas agora a percepção é de que os diretores devem admitir a assimetria.