Após o tsunami que chacoalhou o mercado nas últimas sessões ter pressionado para cima os juros futuros, nesta quinta-feira as taxas terminaram o dia em queda moderada, definida no período da tarde, na esteira do alívio no câmbio e da melhora do apetite pelo risco no exterior. Pela manhã, subiam com o avanço do dólar e a repercussão negativa da notícia de que a Argentina vai deixar de pagar no vencimento a maior parte da dívida de curto prazo detida por investidores institucionais, mas que depois acabou sendo absorvida. Colaborou ainda para acalmar o mercado a decisão do Tesouro de colocar lotes menores de títulos prefixados no leilão tradicional desta quinta-feira. Nesse contexto, a aposta de queda da Selic de 0,5 ponto porcentual voltou a ganhar terreno na curva de juros, em detrimento da possibilidade de queda de 0,25 ponto, no próximo Copom.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 5,62%, de 5,639% na quarta no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou a 6,72%, de 6,751% no ajuste. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 7,22%, de 7,261%.

Na avaliação do gestor de renda fixa da Absolute Investimentos Mauricio Patini, passado o movimento técnico que assolou o mercado, o cenário externo, mais tranquilo, e o dólar controlado deram oportunidade para o investidor voltar a aplicar, considerando que os fundamentos ainda são muito favoráveis à queda da Selic. Mas a exposição ao risco deve ser retomada de forma gradual. “Tivemos uma troca de mão gigantesca nos últimos dias e agora os preços estão se acomodando em patamar mais condizente com os fundamentos. Mas o mercado ainda está sentido e tentando se reencontrar nesses níveis diferentes de prêmio”, afirmou.

O câmbio continua sendo a variável-chave a ser observada nos ajustes de posição em DIs, porque traz risco para a inflação mais imediato do que aquele vindo da atividade. A percepção por ora é de que o Banco Central, com suas atuações, está conseguindo domar os especuladores e, assim, manter o dólar abaixo de R$ 4,20, mas com o cenário externo ainda cheio de incertezas, a cautela não pode ser abandonada.

Apesar de o PIB do segundo trimestre ter surpreendido parte dos analistas ao subir 0,4% na margem, acima da mediana estimada na pesquisa do Projeções Broadcast (+0,2%), o mercado mantém a perspectiva de crescimento abaixo de 1% em 2019. Em levantamento preliminar do serviço especializado do Broadcast, com 32 instituições, apenas oito elevaram suas projeções para o PIB este ano depois da divulgação do PIB do segundo trimestre. O intervalo vai de 0,60% a 1,20%, com mediana de 0,90%. A projeção contida na Focus para este ano está em 0,8%.

Na precificação da curva a termo, a chance de corte da Selic em 0,50 ponto cresceu de 50% na quarta, para 56% nesta quinta, enquanto a de redução de 0,25 ponto caiu de 50% para 44%, segundo cálculos do Haitong Banco de Investimento.