O mercado de juros começou a semana que antecede a reunião do Copom renovando mínimas históricas nos principais vencimentos da curva a termo, dando sequência ao forte movimento de queda visto na sexta-feira, 24. O alívio nos prêmios ainda reflete o IPCA-15 de julho e hoje com ajuda do dólar e do exterior, onde é grande a expectativa por mais um pacote trilionário de estímulos nos Estados Unidos. A aposta de corte de 0,25 ponto porcentual na Selic em agosto avançou mais pouco, mas o miolo da curva manteve-se como o destaque de baixa nesta segunda-feira, 27, com ajustes de posição a partir da ideia de que os juros básicos permanecerão baixos por muito tempo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou em 1,930%, de 1,948% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 2,822% para 2,74%. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 3,78%, de 3,853% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,26%, de 6,333%. O dólar fechou em baixa de 0,92% no segmento à vista, a R$ 5,1580.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, afirma que o mercado já opera sob a perspectiva da reunião da semana que vem, sobretudo após o IPCA-15 de julho ter autorizado apostas mais firmes em mais uma redução da taxas básica. “Temos também hoje o dólar ajudando, caindo de forma global em função do anúncio dos estímulos nos Estados Unidos”, disse. O secretário do Tesouro do país, Steven Mnuchin, disse ontem que a Casa Branca deve entregar ao Congresso hoje um novo pacote fiscal na ordem de US$ 1 trilhão.

Jefferson Lima, gerente da Mesa de Reais da CM Capital, disse que o dólar favoreceu a curva longa, enquanto os demais foram embalados pela correção em baixa do IPCA na pesquisa Focus, cuja mediana para 2020 caiu de 1,72% para 1,67%. “Ainda sob o efeito da sexta-feira”, afirmou.

A agenda de indicadores e eventos foi fraca nesta segunda-feira, com alguma expectativa sobre a participação de Fabio Kanczuk e Bruno Serra, diretores de Política Econômica e Monetária, respectivamente, do BC, em videoconferências organizadas por instituições financeiras, pela manhã, mas fechadas à participação da imprensa. Segundo economistas com acesso aos eventos, não houve novidades em relação ao que já se sabia. “Repetiram que há espaço residual para corte de juros, volatilidade alta no câmbio e atividade dando sinais de recuperação, sem pressão de inflação”, disse uma fonte.

A precificação da curva para uma redução da Selic em agosto avançou hoje para 20 pontos-base, com as chances de corte de 25 pontos passando de 70% na sexta-feira para 80%. A probabilidade de manutenção caiu de 30% para 20%. Os números são do Haitong Banco de Investimentos, que calcula ainda em 25% as chances de um novo corte de 25 pontos no Copom de setembro.