Os juros futuros não sustentaram à tarde o movimento de queda visto até o final da manhã e fecharam a sexta-feira, 16, em alta, retomando a tendência que o mercado considera como “natural” em meio ao cenário fiscal incerto e à forte pressão sobre a dívida pública. As taxas pioraram junto com o real, com o dólar se firmando acima dos R$ 5,60 na etapa vespertina e o mercado evitando passar o fim de semana exposto ao risco prefixado. Os vértices mais afetados foram os contratos curtos e os do miolo da curva, onde estão localizadas as grandes posições sujeitas tanto ao risco fiscal quanto à mudança na política monetária e também que coincidem com as ofertas do Tesouro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou na máxima de 4,82%, de 4,695% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2022 encerrou em 3,38%, 3,315% ontem, e o DI para janeiro de 2025 fechou com taxa em 6,64%, de 6,595% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 7,534% para 7,57%.

Após uma manhã marcada pela volatilidade, os juros começaram a tarde em queda moderada, enquanto o dólar ainda hesitava perto da estabilidade, mas na medida em que a moeda americana passou a ganhar força a curva também reagiu. “Não tivemos nada de novo à tarde, é mesmo o câmbio servindo de proxy para os DIs”, disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Vitor Carvalho, sócio da LAIC-HFM, afirmou que, pelo volume fraco, hoje parecia ‘segunda-feira’ e, em função da proximidade do fim de semana, o mercado ficou mais leve e com pouco giro. “Já tivemos uma boa onda de stop loss em setembro, é muito difícil ficar doado nesse contexto de incerteza”, disse. Na sua visão, uma melhora poderia ocorrer caso a agenda de reformas andasse ou houvesse algum avanço nas discussões do Renda Cidadã.

Assim, diante dos fundamentos frágeis da economia e com a enorme preocupação sobre a rolagem da dívida de mais de R$ 630 bilhões que vence no primeiro semestre de 2021, o alívio visto entre o fim da manhã e o início da segunda etapa parecia mesmo ter vida curta. “Não tem muito motivo para melhora, o risco fiscal cresce à cada dia”, afirmou Carvalho.