A primeira semana de outubro terminou com otimismo nos mercados em relação a uma atuação firme dos bancos centrais, em especial o Federal Reserve, na política monetária para se contrapor ao risco de desaceleração econômica reforçado por dados fracos de atividade nos Estados Unidos nos últimos dias. Na curva de juros doméstica, essa percepção deu ainda mais conforto para apostas na Selic abaixo de 5% no fim do ciclo de afrouxamento monetário e as taxas terminaram a semana com alívio nos prêmios. Nesta sexta-feira, o ritmo de queda foi mais limitado ante o de quinta, com as taxas encerrando perto dos ajustes anteriores.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,86%, de 4,878% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 5,97%, de 5,981%. A do DI para janeiro de 2025 recuou de 6,611% para 6,58%.

Na semana, as principais taxas renovaram mínimas históricas e terminaram com alívio em torno de 10 pontos-base, assegurado, em boa medida, pela apreciação do câmbio. O dólar recuou 2,4% nesta semana, encerrando em R$ 4,0563, menor valor desde 21 de agosto. “Quem tinha o dólar como variável que pudesse limitar a queda da Selic tem esse risco agora mitigado”, afirmou Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset. Com a moeda de volta a este patamar – fechou em R$ 4,0563 -, não por acaso, precificação para a Selic no fim de 2019 está “no meio do caminho”, segundo Braga, entre 4,75% e 4,50%.

Esse contexto acabou prevalecendo nos últimos dias à piora da percepção de risco do cenário político e fiscal trazida pela tumultuada aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno no Senado.

Nesta sexta-feira, foi o cenário externo que deu o tom, diante da agenda interna esvaziada. Os fracos dados do ISM na semana ampliaram a expectativa para o relatório de emprego nos Estados Unidos de setembro, mas o documento não autorizou aumento do pessimismo sobre a economia. O ajuste também foi endossado pelas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, esta tarde. “Ele não demonstrou preocupação com a economia mesmo após os dados. Em certa medida, não embarcou na apreensão que o mercado vinha adquirindo”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.