O mercado de juros teve outro dia de movimentação intensa, que nesta terça-feira, 27, se estendeu também aos vencimentos longos, com taxas fechando em alta generalizada. A aversão ao risco no exterior, traduzida na queda forte do rendimento dos Treasuries, pautou os negócios, amparada na cautela antes da reunião do Federal Reserve amanhã e preocupações com a economia global em função da variante delta do coronavírus, além de medidas de regulação aplicadas pelo governo da China.

No Brasil, a uma semana do Copom, o pessimismo com o cenário inflacionário continuou reforçando as apostas de aperto monetário mais firme, movimento que vem ocorrendo desde sexta-feira após o IPCA-15 sem qualquer tentativa de correção por parte do Banco Central.

Na curva, vai se consolidando o consenso em torno de uma elevação de 1 ponto porcentual da Selic na próxima semana, embutida uma chance minoritária de 1,25 ponto. Na parte técnica, o leilão de NTN-B com lotes e risco maiores do que o anterior contribuiu para a pressão na curva.

As principais taxas fecharam em alta pela terceira sessão seguida, sendo que as da ponta curta vêm renovando as máximas do ano neste período. Com 535 mil contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados para janeiro de 2023, este vértice foi hoje o mais líquido, com volume acima dos 497,7 mil da média diária dos últimos 30 dias. A taxa fechou em 7,635%, de 7,58% ontem no ajuste.

O DI para janeiro de 2022, que reflete as expectativas para as demais reuniões de 2021, encerrou com taxa de 6,22%, de 6,189%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 8,355% para 8,42% e a do DI para janeiro de 2027, de 8,703% para 8,76%.

A precificação da curva indica 90% e 10% de chances de aumento de 1 ponto e 1,25 ponto, respectivamente, no Copom de agosto, segundo a Greenbay Investimentos. “Para setembro, já temos 30% de chances de 1,25”, disse o economista-chefe Flávio Serrano.

Diretores que participam do Copom seguiram hoje, a exemplo de ontem, com reuniões fechadas e individuais com instituições do mercado financeiro, o que tem chamado a atenção de alguns players, considerando o contexto de franca deterioração das expectativas de inflação detonada pelo IPCA-15 e a uma semana da decisão de política monetária. “Não dá pra entender porque o BC segue fazendo isso”, criticou um gestor.