Em queda desde a abertura, os juros futuros marcaram mínimas numa sessão em que a fala do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, surpreendeu agentes globalmente e acentuou o “modo juros baixos” ao redor do mundo, como afirmou o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Flávio Serrano. A queda das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) acontece ao longo de toda curva mas é mais acentuada nos vencimentos mais longos.

Nesta terça-feira, 18, cedo, Draghi sugeriu que a instituição poderá voltar a estimular a economia caso a perspectiva para a zona do euro não melhore, o juro do Bund alemão de 10 anos renovou mínima histórica (-0,302%). O discurso de Draghi enfraqueceu o euro ante o dólar e instigou o presidente dos EUA, Donald Trump, a criticar a autoridade europeia.

No Twitter, Trump disse que o resultado é uma competição injusta com da União Europeia com os Estados Unidos. O gestor de renda fixa e multimercado da gestora de fundos Quantitas, Matheus Gallina, argumentou que “a flexibilização monetária, com possíveis queda de juros à frente na União Europeia não estava exatamente clara, apesar dos dados de atividade locais mais fracos”. Com a fala do presidente do BCE, não restaram dúvidas para a disposição dovish da autoridade europeia.

Ainda do exterior, também favorece esse movimento de queda global de taxas a ata do Banco Central da Austrália (RBA, pela sigla em inglês) divulgada nesta madrugada (horário de Brasília), segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. A autoridade australiana afirmou na ata que novos cortes nas taxas de juros poderão ser necessários, diante da capacidade ociosa no mercado de trabalho e a fim de reverter a tendência de queda da inflação. “Essa queda nos mais longos acontece por conta do cenário externo”, afirmou Serrano, do Haitong.

Sobre o início do debate da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, que já conta com mais de 120 inscritos para falar, o gestor da Quantitas Asset afirma que a expectativa é positiva. Gallina destacou que ontem houve a notícia de que já há votos suficientes para aprovação e que, “aparentemente, agora é só cumprir o cronograma”. “Claro que, no Brasil, sempre há riscos imponderáveis”, disse Gallina.

Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, se a reforma da Previdência for aprovada na comissão especial da Câmara no dia 26 de junho, ele pretende instalar a discussão para a reforma tributária na comissão já no dia 27.

Às 10h07, o DI para janeiro de 2020 exibia 6,025% ante 6,078% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2021 estava em 5,93% ante 6,029% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2027 estava em 7,83% ante 7,931% no ajuste de ontem.