Os juros futuros terminaram o dia em queda, reagindo à movimentação em Brasília em torno dos ajustes ao Orçamento prometidos para esta segunda-feira. Foi apresentado nesta data relatório do Projeto de Lei do Congresso Nacional nº 2 de 2021 para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, a despeito dos vetos terem ficado abaixo do esperado, pesou mais o fato de que finalmente houve acordo após semanas de impasse.

A solução ficou longe do ideal, mas foi a possível para conciliar demandas políticas e da equipe econômica. Além disso, assim como a Bolsa, o mercado de juros também gostou do discurso do novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, que tomou posse reafirmando a política de paridade de preços e rechaçando interferências na companhia sob o seu comando. O alívio no câmbio e o ambiente ameno no segmento de Treasuries seguiram dando suporte ao desmonte de posições compradas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,625%, de 4,656% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 7,966% para 7,88%. A do DI para janeiro de 2027 passou de 8,604% para 8,50%.

A trajetória de queda foi definida à tarde, na medida em que o noticiário ia sinalizando que a solução para o texto estava sendo costurada. “Estamos bem avançados porque estamos às vésperas de sancionar, as coisas estão apaziguadas”, afirmou a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, segundo a qual o foco “é não romper a responsabilidade fiscal”.

Segundo ela, serão vetados R$ 10,5 bilhões em emendas do relator. O mercado contava com um valor mais amplo, dado que o total de emendas era de R$ 35 bilhões.

Mais até do que os detalhes do arranjo, o fato de a novela caminhar para um desfecho é o que trouxe alívio. Renan Sujii, consultor de Investimentos, afirma que “muita coisa negativa” já estava embutida nos preços e que a fala de Silva e Luna também abriu espaço para devolução de prêmios, com suavização no risco político. “Deu um sinal positivo, de que a companhia é independente”, disse.

O general afirmou que vai ingressar na empresa num “ponto de equilíbrio, entre a ousadia e a prudência” e que a ideia é reduzir a volatilidade nos preços, “sem desrespeitar a paridade internacional”.

Além do Orçamento, o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, diz que outro fator que desinflou a parte longa da curva tem a ver com o fim do pior momento dos derivados de petróleo que estavam forçando a inflação de curto prazo. “Os patamares ainda são altos, mas aparentemente o pior do choque ficou para trás. Com uma inflação de curto prazo menos incômoda, investidores agora esperam um ajuste menor das condições monetárias no Brasil”, afirma.

Ainda, segundo ele, a curva brasileira se beneficia do fato de que os juros de 10 anos nos EUA estão dando uma trégua. “Desde o início do mês a tendência tem sido de queda na taxa e isto retirou parte do receio do mercado que a taxa longa aqui subisse via arbitragem”, avaliou.