A junta militar que governa a Guiné anunciou nesta segunda-feira (29) que o presidente deposto, Alpha Conde, foi mandado para a casa da esposa, após tê-lo mantido incomunicável durante meses.

Conde, de 83 anos, governou o país africado por quase 11 anos antes de ser deposto em 5 de setembro por um golpe militar.

Em um comunicado transmitido pela TV estatal, a junta informou que Conde estava em casa com sua esposa, Hadja Djene Kaba Conde, em um subúrbio da capital. Não se esclareceu se ele está em prisão domiciliar ou se tinha outras restrições.

+Líder golpista da Guiné toma posse como presidente de transição

A junta “continuará dando ao ex-chefe de Estado um tratamento de acordo com sua posição e o faz sem nenhuma pressão nacional ou internacional”, acrescentou a declaração.

A Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (ECOWAS) impôs sanções a vários dirigentes golpistas e exigiu “a libertação incondicional” de Conde.

A ECOWAS também suspendeu a Guiné do bloco e pediu a realização de eleições em seis meses.

O novo homem forte do país, o coronel Mamady Doumbouya, foi empossado em outubro como presidente interino.

Embora tenha se comprometido a realizar as eleições e restaurar o comando civil, Doumbouya não fixou um prazo para a transição.

O militar, ex-integrante da legião francesa, justificou o golpe ao acusar Conde de corrupção e autoritarismo.

A junta dissolveu o governo e substituiu ministros, governadores e prefeitos por soldados e administradores escolhidos a dedo.

Em 2010, Conde se tornou o primeiro governante eleito democraticamente da Guiné, mas provocou grandes protestos quando reformou a Constituição para permitir sua reeleição a um terceiro mandato.

Embora tenha sido reeleito, seus críticos denunciaram aquela eleição como uma farsa.