O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticou duramente nesta terça-feira as declarações do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que acusou a Alemanha de adotar “práticas nazistas”.

“Não posso aceitar que a Alemanha atual seja comparada à Alemanha nazista. É uma vergonha”, disse Juncker em entrevista à TV de Luxemburgo RTL.

“Me surpreendem as declarações que escutei procedentes da Turquia. Quando o presidente turco e seu ministro das Relações Exteriores dizem que a Alemanha atual é pior que a Alemanha nazista, não posso aceitar isto”.

“Nossos pais e nossos avós viveram a ocupação nazista”, recordou o ex-premier de Luxemburgo, que nasceu em 1954.

Erdogan acusou a Alemanha no domingo de adotar “práticas nazistas”, após vários municípios alemães impedirem atos eleitorais a favor da reforma constitucional turca, com a qual o governo em Ancara pretende reforçar os poderes do presidente.

Os municípios alegaram problemas logísticos para justificar sua decisão.

As palavras de Erdogan provocaram reações na Alemanha, onde a chanceler Angela Merkel pediu a Ancara que “mantenha a cabeça fria”.

Nesta terça-feira, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, pediu à Alemanha que “não dê lições de democracia”, durante um encontro celebrado em Hamburgo em apoio a Erdogan.

“Por favor, não nos dê lições em matéria de direitos humanos e democracia”, disse o chefe da diplomacia na residência do cônsul-geral da Turquia em Hamburgo, diante de aproximadamente 200 simpatizantes.

“A Alemanha não deveria intervir em nossas eleições e nosso referendo”, acrescentou, enquanto a pequena multidão balançava bandeiras turcas.

A Alemanha conta com uma numerosa comunidade turca, de três milhões de pessoas, implantada desde os anos sessenta, quando precisava de mão de obra para a indústria, e que conserva um forte vínculo com seu país de origem.