Mais de duas semanas após vasculharem os escritórios do advogado pessoal de Donald Trump, uma juíza de Nova York designou nesta quinta-feira (26) uma especialista independente para decidir quais documentos apreendidos não poderão ser consultados por investigadores por revelarem dados da relação confidencial advogado-cliente.

Os advogados do presidente Trump queriam ser os primeiros a consultar os documentos encontrados. Os advogados de seu defensor, Michael Cohen, queriam escolher os documentos confidenciais. E os procuradores, que ordenaram a ação, brigavam para fazer a seleção sozinhos.

Ao anunciar “a designação de um especialista independente” – a ex-magistrada federal Barbara Jones -, a juíza federal Kimba Wood optou por um compromisso.

Os procuradores poderão transmitir a Jones tudo o que foi apreendido no escritório, no quarto de hotel e na casa de Cohen, milhares de documentos e arquivos que estão sendo escaneados e colocados em uma base de dados. Também serão baixados os dados de uma dúzia de telefones celulares de Cohen, um processo longo e complexo.

Os investigadores se comprometeram a não analisar os documentos apreendidos até que terminem a seleção, embora temam que isso atrase a investigação.

Embora Cohen não tenha sido formalmente acusado por enquanto, o caso é muito sensível para o presidente dos Estados Unidos, que enfrenta vários casos judiciais que apontam para ele de forma mais ou menos direta.

Ninguém sabe realmente o que há nos documentos apreendidos, nem o que os investigadores procuram exatamente. Sua ordem de vasculhar os locais não foi divulgada.

Cohen, que ajudou a ocultar vários escândalos que rodeavam Trump em seus mais de 10 anos de serviço, admitiu ter pago 130 mil dólares à atriz pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio sobre uma relação sexual que ela afirma ter tido com Trump em 2006.

Assegurou ter efetuado o pagamento com seu próprio dinheiro, enquanto Trump desmentiu qualquer relação e disse não saber nada sobre esse pagamento.

Em uma entrevista publicada nesta quinta, o presidente reconheceu, não obstante, que Cohen o representava no caso de Stormy Daniels, embora tenha minimizado a amplitude de sua relação com o advogado nova-iorquino.