A juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos Ruth Bader Ginsburg, ícone progressista e do movimento a favor dos direitos das mulheres, faleceu aos 87 anos de idade, após uma longa batalha contra um câncer de pâncreas, anunciou a maior instância jurídica americana nesta sexta-feira (18).

Ginsburg morreu “esta noite rodeada por sua família em sua casa em Washington, D.C.”, informou a corte em comunicado.

Nascida no Brooklyn, Nova York, em 1933, a juíza, defensora das causas das mulheres, das minorias e do meio ambiente, serviu a Suprema Corte americana por 27 anos, sendo indicada para o cargo em 1993 pelo então presidente democrata Bill Clinton.

Com seus posicionamentos progressistas, Ginsburg conquistou a admiração dos jovens, recebendo carinhosamente em troca o apelido de “Notorious RBG”, em referência ao rapper Notorious BIG.

“Nossa nação perdeu uma jurista de relevância histórica”, declarou o presidente da corte, John Roberts, em comunicado.

“Perdemos uma querida colega. Hoje, estamos de luto, mas confiamos que as gerações futuras lembrarão de Ruth Bader Ginsburg como nós a conhecemos: uma incansável e obstinada campeã da justiça”, completou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, homenageou Ginsburg nesta sexta-feira, após ser informado do falecimento da magistrada por repórteres que o acompanham em Minnesota, onde faz campanha.

“Ela acaba de morrer? Eu não sabia. Ela teve uma vida incrível, o que mais se pode dizer?”, declarou o mandatário.

A menos de dois meses para as eleições presidenciais americanas, é provável que o presidente republicano se apresse para indicar o sucessor de Ginsburg, segunda mulher a se tornar juíza da Suprema Corte.

– Disputa por escolha de sucessor –

O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, confirmou nesta sexta-feira que organizará uma votação na câmara alta do Congresso caso Trump indique um novo nome para a Suprema Corte antes das eleições de 3 de novembro.

“Prometemos trabalhar com o presidente Trump e apoiar sua agenda, especialmente suas indicações para os cargos de juízes federais”, declarou McConnell em comunicado.

“Mais uma vez, manteremos nossa promessa. O candidato do presidente Trump terá direito a uma votação na sede do Senado”, continuou.

A indicação de Trump poderá garantir uma maioria conservadora na corte, que tem a última palavra em muitos dos temas mais sensíveis que dividem os Estados Unidos na atualidade: o aborto, passando pelo porte de armas, até os direitos civis e a pena de morte.

A notícia veio como uma bomba para os democratas. O líder do partido no Senado, Chuck Schumer, homenageou a falecida magistrada, que chamou de “gigante da história dos Estados Unidos”, mas pediu que a escolha do próximo juiz da Suprema Corte não seja apressada.

“O povo americano precisa ter voz na escolha do próximo juiz da Suprema Corte. O cargo não deve ser atribuído até termos um novo presidente”, tuitou.

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, também se manifestou contrário à escolha de um novo magistrado antes das eleições de novembro.

“Os eleitores devem escolher o presidente, e o presidente deve escolher o juiz da Suprema Corte para que este seja considerado pelo Senado”, afirmou Biden a jornalistas.