O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio, afirmou nesta segunda-feira, 12, defender a “ditadura da honestidade” e negou que exista a chamada ditadura do Judiciário. “(Isso) não existe, não é nossa percepção. A ditadura que perseguimos e defendemos é a da honestidade”, disse antes de cerimônia em sua homenagem na Câmara Municipal do Rio.

O magistrado reconhece que há casos de excessos e erros são cometidos. “Juízes erram, ministros erram, desembargadores erram. Quando o juiz erra, o tribunal corrige. Quando um desembargador erra, um ministro corrige. Somos homens. O importante é que queiramos acertar”.

O magistrado acrescentou que o trabalho da Justiça, do Ministério Público e da polícia tem que continuar. Sobre eventuais erros seus durante a condução dos desdobramentos da Lava Jato, afirmou estar sempre preocupado em não errar. “Talvez (tenha cometido) algum erro, mas tenho muita preocupação de não cometê-los”.

Bretas recebe na noite desta segunda-feira a medalha Pedro Ernesto, principal homenagem que a Câmara presta a quem mais se destaca na sociedade brasileira ou internacional. “A única preocupação que temos é de entregar ao povo o sentimento de Justiça, temos todos um inimigo comum e esse inimigo chama-se corrupção”, afirmou o magistrado em entrevista coletiva.

Sobre a entrega da premiação, se disse agradecido, mas afirmou que esse não é o seu objetivo. “O juiz que trabalha para ser reconhecido é como um juiz corrupto, que trabalha por outro motivo que não o de aplicar a Justiça”.

Também disse não ver riscos à Lava Jato. “Acho que a maturidade do povo brasileiro é muito maior do que há alguns anos atrás. Isso começou com a demonstração de eficiência do julgamento que o Supremo fez durante o mensalão, contagiando no bom sentido muitos juízes, me incluo entre eles”.

Bretas comentou o recente reforço na estrutura da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, da qual é titular. “Não tínhamos a estrutura necessária para as demandas que estão chegando e as que virão. O reforço foi muito importante para evitar erros”.

O magistrado também reforçou a previsão de sair até julho a sentença da Operação Calicute, que levou à prisão o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo, entre outros réus. “Até julho é uma previsão, em princípio seria isso, mas pode ser um pouco mais ou menos”, afirmou.