Um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou que o Departamento de Justiça defenda Donald Trump contra uma colunista que o acusa de estupro, com o argumento de que os comentários pelos quais o presidente enfrenta um processo por difamação não entram no âmbito de suas funções.

A colunista E. Jean Carroll, de 76 anos, denunciou Trump em um tribunal estatal de Nova York em novembro de 2019, acusando-o de difamá-la por chamar de “absoluta mentira” suas afirmações de que ele a estuprou no provador de uma loja de departamento de Nova York em meados dos anos noventa.

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Em uma entrevista em junho de 2019, o presidente disse que nunca se encontrou com Carroll. “Ela não faz o meu tipo”, acrescentou.

A denúncia seguiu seu curso desde então, apesar das tentativas de um dos advogados pessoais de Trump, Marc Kasowitz, para que fosse rejeitada.

No início de setembro, dois meses antes das eleições presidenciais, o Departamento de Justiça solicitou a substituição de Kasowitz, alegando que “o presidente agiu no âmbito de suas funções” quando fez as declarações supostamente difamatórias.

O argumento foi considerado “chocante” pela defesa.

Nesta terça-feira, o juiz federal de Manhattan Lewis Kaplan lhe deu razão: o presidente americano, chefe do poder executivo, não é “um funcionário do governo”. Se fosse, “suas supostas declarações difamatórias sobre a Sra. Carroll não entrariam no âmbito de seu emprego”.

“Seus comentários se relacionam a uma suposta agressão sexual que remonta a décadas antes de sua chegada ao poder, e as acusações não têm conexão com os assuntos oficiais dos Estados Unidos”, disse Kaplan.

Embora seja possível recorrer desta decisão, Carroll e seus advogados receberam com satisfação a vitória.

“Quando falei publicamente para dizer o que Donald Trump fez comigo no provador de uma loja, falei contra um indivíduo. Quando Donald Trump me chamou de mentirosa (…), não estava falando como presidente dos Estados Unidos”, disse a colunista em nota.

“Como o juiz reconheceu hoje, a questão se o presidente Trump me estuprou há 20 anos está ‘no coração’ desta denúncia. Finalmente podemos voltar a essa questão e revelar a verdade”, acrescentou.