Treze policiais, 11 militares e dois civis, foram presos nesta segunda-feira, 10, suspeitos de participação na morte de dez trabalhadores rurais na fazenda Santa Lúcia, em Pau d’Arco, no sudeste do Pará. As prisões temporárias foram autorizadas pelo juiz Haroldo Silva da Fonseca, da Comarca de Redenção, interior daquele Estado. Entre os policiais presos está o coronel Carlos Kened Gonçalves de Souza. Eles não tinham advogado constituído até o início da tarde.

No última dia 8, o líder de acampamento sem-terra onde ocorreu chacina de Pau d’Arco foi assassinado. Segundo a ONG Justiça Global, Rosenildo Pereira de Almeida, conhecido como ‘Negão’, de 44 anos, foi morto a tiros na cidade de Rio Maria, a 60 quilômetros de Pau D’Arco, onde aconteceu a chacina.

As detenções foram pedidas pelo Ministério Público, após evidências de que os trabalhadores rurais foram assassinados. Policiais federais foram destacados para cumprir os mandados de prisão. Oito policiais militares e um civil foram presos em Redenção, enquanto os demais foram detidos em Belém. Por ordem do juiz, os policiais foram levados para o Centro de Recuperação Especial Cel. Anastácio das Neves (Crecan), em Santa Izabel, na Região Metropolitana.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública do Pará informou ter agendado entrevista coletiva nesta tarde, em conjunto com a Polícia Federal e a Polícia Civil, para passar informações relativas às prisões.

Os crimes, que ficaram conhecidos como a “chacina de Pau D’Arco”, aconteceram no dia 24 de maio, quando um grupo de 24 policiais militares e quatro policiais civis foram à fazenda para cumprir mandados de prisão de suspeitos da morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, segurança da propriedade, que havia sido assinado no dia 30 de abril. De acordo com o promotor Alfredo Martins de Amorim, um dos que assinam os pedidos de prisão, a promotoria trabalha com evidências de que houve execução. Segundo ele, foi permitida a participação irregular de seguranças da fazenda na operação.

Líder morto

Na última sexta-feira, 7, um dos líderes do acampamento da fazenda Santa Lúcia, onde os dez sem-terra foram mortos, também foi assassinado a tiros na cidade de Rio Maria, distante 60 km do local. Rosenildo Pereira de Almeida, o “Negão”, de 44 anos, deixou a comunidade em que vivia com antigos ocupantes da Santa Lúcia porque vinha recebendo ameaças. Ele foi executado com tiros na cabeça ao sair de uma igreja. A Polícia Federal ainda investiga se a morte tem relação com a chacina.