A juíza responsável por analisar a disputa entre o bilionário Elon Musk e o Twitter deu às partes até 28 de outubro para chegarem a um acordo que permita ao fundador da Tesla comprar a rede social.

Sem acordo, o julgamento previsto inicialmente para 17 de outubro começará em novembro.

Horas antes, os advogados do empresário pediram a suspensão do litígio instaurado pelo Twitter para obrigá-lo a concretizar a aquisição da empresa, o que havia sido acordado em abril, e garantiram que a operação deverá ser concluída “por volta de 28 de outubro”.

Musk concordou em comprar o Twitter em abril. Em seguida, desfez unilateralmente o acordo algumas semanas depois.

Mas na segunda-feira, com o julgamento marcado para 17 de outubro se aproximando, Musk enviou uma carta ao Twitter propondo retomar a compra pelo preço inicialmente proposto de US$ 54,20 por ação, por um total de US$ 44 bilhões, sob as condições de que a empresa encerrasse o processo e o magnata obtivesse os fundos necessários.

O Twitter respondeu afirmando que seguia com a “intenção” de concluir a transação.

Segundo a agência Bloomberg, as negociações para concluir um novo acordo pelo preço originalmente acordado estão travadas no financiamento da dívida do Twitter, questão que Musk teria colocado na mesa na segunda-feira.

Para os advogados de Musk, seu cliente “aceitou fazer” o que o Twitter pediu. Eles garantiram esperar que a operação seja concluída “por volta de 28 de outubro”.

“No entanto, o Twitter se recusa a acenar positivamente. Incrivelmente, (a empresa) insiste em continuar o processo”, acrescentaram os advogados.

Os advogados do Twitter se opuseram nesta quinta-feira ao pedido de Musk de adiamento do julgamento, chamando a possibilidade de uma tentativa de “procrastinação”.

A juíza Kathaleem McCormick mediou: “O processo está suspenso até 28 de outubro de 2022 às 17h00 (do horário local) para permitir que as partes concluam a transação. Se não for concluída, as partes devem entrar em contato comigo para obter as datas de um julgamento em novembro”.

– Financiamento –

“Continuar o julgamento não é apenas um enorme desperdício de recursos para as partes e o tribunal, mas também reduzirá a capacidade das partes de concluir a transação”, dizem os representantes de Musk.

“O Twitter se recusa a encerrar o litígio devido à possibilidade teórica de um futuro fracasso na obtenção do financiamento” necessário para a operação, enfatizam.

Mas “esse fracasso não acontece agora”, acrescentam. “Pelo contrário”, os financistas indicaram “estar prontos para honrar suas obrigações”, sustentaram os juristas. “As especulações infundadas do Twitter foram refutadas pelos próprios bancos.”

– Questão de confiança –

A rede social argumenta que não tem nenhum motivo para confiar no homem mais rico do mundo.

“Em várias ocasiões”, a equipe de Musk “não respeitou sua obrigação de fazer todo o possível para concluir a operação”, responderam os advogados da empresa.

“Há meses, Musk lança acusações cada vez mais inverossímeis para atrasar o processo, acusações apresentadas sem fundamento” durante as audiências preliminares, garantiram.

Os advogados de Musk, por sua vez, apontam para “duas possibilidades”. “O mais provável é que a dívida seja financiada e que os acionistas recebam seu dinheiro mais rápido do que se o Twitter ganhasse o julgamento e ganhasse o recurso, um processo que pode levar meses.”

A segunda possibilidade é que o financiamento fracasse, o que daria ao Twitter “novos elementos para contribuir com seus argumentos no processo”, completaram.

Musk bombardeou o Twitter com críticas antes e depois da assinatura do contrato de compra em abril, acusando a rede social de censurar usuários e não combater o suficiente contra spam e contas falsas.

O bilionário fundador da Tesla justificou sua refuga na compra, afirmando que a proporção de contas automatizadas na rede social era muito superior aos 5% que a empresa declarou.

Nesta semana, um dos advogados do Twitter divulgou dois relatórios de empresas de análise de dados contratadas por Musk, a Cyabra e a CounterAction, que avaliaram o número de contas falsas em uma faixa de 11% na primeira e 5,3% na segunda.