Papéis avulsos

A empresa de transporte e logística JSL registrou na segunda-feira 25 um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar uma Oferta Pública de Ações (IPO, na sigla em inglês) da subsidiária Vamos que aluga máquinas e equipamentos. A operação pode levantar cerca de R$1,3 bilhão. Além da Vamos, a rede de drogarias Pague Menos também deve ir à Bolsa. A General Atlantic, gestora de private equity que detém 17% da companhia, tem um acordo com a família Queirós, controladora da Pague Menos, no qual pode exercer o direito de promover um IPO que pode movimentar ao menos R$ 600 milhões. Outra candidata é a Blau Farmacêutica, cujo negócio é atender à demanda de hospitais por medicamentos de alto valor agregado. A companhia pode retomar o plano de vender ações ainda neste ano. A Blau tentou fazer o IPO no começo de 2018, mas desistiu por conta da baixa precificação dos ativos. O presidente da empresa, Marcelo Hahn, aguarda o melhor momento para retomar os planos. “Estamos registrados na CVM e mantemos as informações atualizadas. Dependemos do apetite do mercado”, diz. Ele acredita que o ambiente para a captação tende a melhorar no segundo semestre após a “aprovação da nova aposentadoria”.

 

Óleo e gás

Petrobras lucra R$25,8 bi em 2018

A Petrobras lucrou R$ 25,8 bilhões no ano passado e reverte o prejuízo de R$ 446 milhões amargado em 2017. Esse é o primeiro resultado positivo da estatal desde 2013, uma vez que o seu desempenho foi prejudicado pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, que começou em 2014. Entre outubro e dezembro de 2018, a petroleira lucrou R$ 2,1 bilhões de reais, e reverteu a perda de R$ 5,5 bilhões apresentada no mesmo período de 2017. As ações sobem 19,4% ao ano.

 

Touro x Urso

O Ibovespa operou com viés negativo durante a semana passada, com os investidores realizando lucros recentes. O mercado doméstico também refletiu as incertezas no ambiente externo em meio à disputa do espaço aéreo envolvendo Índia e Paquistão. Até quarta-feira, 27, o principal índice da Bolsa tinha leve queda de 0,30% na semana.

 

Seguro

Caixa define valor das ações do IRB

A Caixa Econômica Federal vai vender 27,6 milhões de ações ordinárias da resseguradora IRB por R$ 91 cada, em uma operação de R$ 2,5 bilhões. Apesar da forte demanda, o papel foi negociado abaixo dos R$ 93,75, cotação de 26 de fevereiro. O IRB fez sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em julho de 2017. Até quarta-feira 27, a ação tinha valorizado 267%, enquanto o Ibovespa subiu 49% no mesmo período.

 

Destaque no pregão

Ganho da AES Tietê sobe 117% e ação dispara

A geradora AES Tietê Energia lucrou R$ 104,9 milhões no quatro trimestre de 2018, alta de 141% em relação ao mesmo período de 2017. O resultado reflete o incremento de R$ 60,7 milhões na margem hídrica por conta da queda de compra de energia. Os números agradaram aos investidores, e a ação acumulava alta de 7,3% até quarta-feira 27. No entanto, Luiz Gustavo Pereira, analista da GuideInvestimentos, aponta que o resultado veio abaixo do esperado. “O menor volume e preço de energia vendida no mercado spot foi compensado pela forte queda dos custos e despesas operacionais”, escreve Pereira, em relatório. Outro ponto de atenção destacado por ele é alta alavancagem financeira , que está em 2,9 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda. A dívida da AES Tietê fechou 2018 em R$ 4,1 bilhões, crescimento de 15% na comparação anual.

Palavra do analista:
“A alavancagem elevada reflete a estratégia da companhia de avançar em energia renováveis”, escreve Pereira. A empresa sinalizou que pretende investir R$ 662 milhões entre 2019 e 2023, com objetivo de finalizar a construção dos seus parques solares.

 

Varejo

Carrefour tem ganho de R$ 1,6 bilhão

O Carrefour Brasil, presidido por Noël Prioux, lucrou R$ 1,66 bilhão no ano passado, alta de 3,8% em relação ao mesmo período de 2017. O resultado refletiu o forte desempenho da companhia no quarto trimestre de 2018, quando apresentou lucro de R$ 758 milhões, avanço de 65% na comparação anual. O crescimento refletiu a abertura de 14 lojas no período, sendo seis do Atacadão.

 

 

Mercado em números

BRF
US$ 1 bilhão – É o valor da linha de crédito rotativo que a companhia tinha com 28 bancos em todo o mundo e que foi encerrada na quarta-feira 27

SULAMERICA
R$ 905 milhões – É quanto o grupo segurador lucrou no ano passado, um recorde, que representa alta de 17% em comparação com 2017

BANCO DO BRASIL
R$ 435 milhões – É o valor que o banco vai pagar em juros sobre capital próprio. A remuneração aos acionistas é referente ao primeiro trimestre

ENEL
R$ 315 milhões – Foi o prejuízo da companhia (ex-Eletropaulo) no ano passado, o que representa perda 64% menor na comparação anual

MARCOPOLO
R$ 4,2 bilhões – Foi a receita da fabricante de carrocerias de ônibus no ano passado, crescimento de 46% em comparação com o ano de 2017

 

O número da semana

1,07 milhão

foi o número de clientes dos bancos que, no mês de janeiro, migrou do cheque especial, que custa 316,3% ao ano, para os empréstimos parcelados, que custam 49,4% ao ano. Os dados são da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Desde julho, quando entraram em vigor as regras autorregulação da migração dos usuários de cheque especial para outras linhas mais baratas, 6,2 milhões de endividados optaram pela troca da linha de crédito. A Febraban informou que o número de clientes que migrou em janeiro superou em 32% o total de migrações registrado em dezembro de 2018. Assim como ocorreu nos cartões de crédito, pressionados pelo Banco Central (BC), os bancos concordaram em transferir o cliente que permanecia longo tempo usando seu limite de cheque especial para linhas de empréstimo mais baratas.

 

 

Entrevista da semana

“Fundos de previdência devem tomar mais risco”

Patrick O’Grady, presidente da gestora digital Vitreo

Controlada por Paulo Lemann, Patrick O’Grady e Alexandre Aoude, a gestora virtual Vitreo começou a operar no fim do ano passado com um fundo de previdência que investe em outros fundos e tem R$ 600 milhões em patrimônio.

O que caracteriza uma gestora digital?
A principal diferença em relação às demais é o uso da tecnologia, que muda a experiência do cliente. Procuramos resolver as demandas do investidor com mais rapidez.

O uso de tecnologia reflete em uma taxa de administração menor?
Quando o negócio ganha muita escala, é possível transferir parte do ganho para o cotista. Nosso fundo cobra uma taxa de administração de 0,6%. Vejo produtos semelhantes no mercado que trabalham com, no mínimo, 1%.

Qual é a carteira do fundo de previdência da Vitreo?
Um terço em multimercado, pouco mais de 10% em ações e o restante em renda fixa. O investidor de previdência geralmente tem um horizonte de longo prazo, pois o benefício fiscal máximo acontece a partir de 10 anos. Então ele pode tomar mais risco para ter um retorno melhor sem sentir a volatilidade do mercado.

Mas os fundos de previdência tendem a ser conservadores…
Hoje 90% da indústria tem a carteira formada por ativos de renda fixa, mas a tendência é de mudança. Mesmo os produtos dos bancos, com arquitetura fechada, devem tomar mais risco com o tempo.

Qual a expectativa com o novo governo?
Dependendo do sucesso inicial na aprovação dessas reformas, a gente pode entrar em um ciclo interessante de crescimento econômico, que costuma vir associado à inovação no mercado financeiro.

Qual a chance do Ibovespa alcançar os 100 mil pontos neste ano?
Já chegou. Só falta aparecer na tela para sair no jornal. Passamos um tempo longo com a economia reprimida, isso forçou as empresas a se reinventarem e ter de ajustar. Quem sobrevive geralmente sai mais forte.