Nesta segunda-feira (04), a jornalista do jornal O Globo, Miriam Leitão, se manifestou pela primeira vez após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Jair Bolsonaro, debochar da tortura que Miriam enfrentou durante a ditadura militar.

Na publicação, Miriam afirma que foi envolvida por mensagens de carinho das pessoas e que isso faz com ela tenha esperança no Brasil. Até esta tarde, o tweet já tinha quase 20 mil curtidas e 600 retweets. Confira o post:

Entenda o caso

Em resposta a uma postagem de Miriam, na qual a jornalista afirmou que Bolsonaro é um inimigo confesso da democracia, Eduardo postou em seu Twitter: “ainda com pena da cobra”. Segundo relatos da própria jornalista, durante a ditadura militar ela foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça.

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Além disso, teve de ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia – a cobra, citada por Eduardo Bolsonaro. Na época, a jornalista estava grávida de 1 mês.

Em 2018, Eduardo Bolsonaro disse que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). No ano seguinte ele defendeu a possibilidade de um “novo AI-5”, considerado como um dos mais duros decretos emitidos pela ditadura militar.

Durante a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, o então deputado federal Jair Bolsonaro dedicou seu voto ao comandante Brilhante Ustra, um dos responsáveis pela tortura que Dilma sofreu na ditadura. Em evento de pré-campanha do PL, em março, o presidente se referiu a Ustra como um “velho amigo”.

Repercussão

Na edição do O Globo de hoje, o jornal classificou como “repugnante” o ataque de Eduardo Bolsonaro. “A manifestação do deputado deve ser repudiada com toda a veemência. A postura do parlamentar é incompatível com o cargo, mas sobretudo com a decência e o respeito humanos”, diz o texto.

Nas redes sociais, repórteres do grupo Globo, políticos e celebridades repudiaram a fala de Eduardo. O nome da jornalista é o 10º assunto dos trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter.

Além disso, deputados acionaram o Conselho de Ética da Câmara contra o filho do presidente. A representação será apresentada por políticos do PSOL, PCdoB e do PT. A bancada do PSOL na Câmara pedirá a cassação de Eduardo Bolsonaro, informou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.