A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou nesta segunda-feira, 24, que a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na Câmara “vai ser mais do mesmo porque ele já respondeu a tudo”.

Após ter falado por quase nove horas na semana passada a senadores, o ministro deveria comparecer a uma audiência conjunta de quatro comissões da Câmara nesta quarta-feira, 26, para prestar esclarecimentos sobre os supostos diálogos entre ele o procurador da República Deltan Dallagnol revelados pelo site The Intercept Brasil que sugerem atuação conjunta quando ele era juiz federal. Moro, no entanto, viajou para os Estados Unidos a trabalho.

“Ele já deu esclarecimentos no Senado e duvido que alguém tenha deixado passar alguma pergunta. Então, vai ser mais do mesmo. Do ponto de vista do cuidado com o tempo e com o trabalho do ministro, acho que é dispensável. Mas o Parlamento é o Parlamento, se a Câmara quiser que ele vá, ele vai prestar os esclarecimentos”, disse.

De acordo com a vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Bia Kicis (PSL-DF), Moro deverá ir à Câmara no dia 2 ou 3 de julho. Nos Estados Unidos, visita órgãos de segurança e inteligência dos americanos com o intuito de fortalecer operações integradas com o Brasil.

Reforma tributária

Hasselmann disse acreditar que a comissão especial para votar a reforma tributária deverá ser instalada nesta semana e defendeu que o texto já em análise na Câmara seja juntado à proposta que está sendo construída pelo governo. Pela manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a comissão será instalada na quinta-feira, 27.

“Ambas as propostas são complementares e, independente de qualquer troca de canelada, a gente consegue fazer uma excepcional reforma tributária, mas para isso, temos que trazer a contribuição do texto que foi feito pelo ministério da Economia. Vou ver se consigo trabalhar nessa união”, disse. Ela não explicou quais pontos seriam complementares.

Agências reguladoras

A líder do governo afirmou ainda que o projeto de lei que trata das agências reguladoras determinando que as indicações de integrantes para elas passam a ser feitas pelo Congresso e não mais pela Presidência da República “não é ruim”. No fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro criticou a proposta por considerar que ela o deixaria como uma “rainha da Inglaterra” porque retiraria seus poderes.

“O projeto pode não ser perfeito, mas ele cria ali alguns critérios de seleção, faz uma peneirada antes da composição da lista tríplice antes do presidente escolher. Mas é um direito do presidente vetar. Se ele vetar, vamos trabalhar para manter o veto”, afirmou Hasselmann.

Ela minimizou ainda as críticas do presidente ao dizer que isso já passou. “A gente tem mais o que fazer do que ficar alimentando picuinha. Não tratamos desse assunto”, disse.

Hasselmann participou de um almoço no Palácio do Planalto com Bolsonaro, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e da Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), para tratar, dentre outros temas, dos encaminhamentos para a aprovação da reforma da Previdência.

Eleições

A deputada contou ainda que durante o encontro, Bolsonaro puxou o assunto sobre as eleições para a prefeitura de São Paulo no ano que vem. De acordo com ela, o presidente “parece que está bastante simpático à ideia”. “Eu disse para ele que eu sou soldado, o senhor falou eu estou indo. Então, vamos aguardar as orientações do presidente”, disse.