O destino do mercado de ações mais importante do mundo pode ser decretado neste domingo, 28, dentro das quatro linhas do gramado. Pelo menos é o que acredita uma boa parcela dos supersticiosos investidores de Wall Street. Essa turma vai se postar à noite diante da televisão, como se ela fosse uma bola de cristal, para esperar o sinal emitido pelo Super Bowl, o jogo que determina o vencedor do campeonato de futebol americano. Diz a tradição que, se o campeão for um time originário da National Football Conference (NFC), uma das duas que compõem a liga do esporte nos Estados Unidos, o índice Dow Jones sobirá e fechará o ano em alta. Mas, se o vencedor vier da concorrente American Footbal Conference (AFC), o ano está fadado a ser de baixa. A ligação entre o jogo e a bolsa é nula, mas mesmo os mais desconfiados não deixam de dar uma olhada. A taxa de acerto do ?indicador? é mais alta do que a de qualquer técnica séria do mercado: em 34 anos do torneio, a previsão foi confirmada em 90% dos casos. O ?indicador? ganhou até um nome próprio. Os americanos o chamam de Oráculo do Super Bowl.

Os céticos dizem que o sucesso do oráculo tem pouco de sobrenatural e muito de estatística. A NFC tem mais equipes fortes e quase sempre é o berço do time campeão. Ao mesmo tempo, as bolsas americanas subiram quase sempre, no século que acaba de se encerrar, porque o país cresceu como nenhum outro no planeta. Então, um cenário em que um time da NFC vence e a bolsa sobe é apenas o mais provável, e não um aviso do além. Os últimos três anos, porém, desafiaram a lógica. Um time da AFC, o Denver Broncos, ganhou dois campeonatos, em 98 e 99, mas a euforia tecnológica levou o Dow Jones a dois anos de alta. Em 2000, a NFC voltou a vencer, mas aí foi a vez de a bolsa surpreender e cair.

A seqüência de três erros arranhou a imagem do oráculo, mas não sua popularidade. Se a tradição valer, a sorte do mercado está nas mãos do New York Giants e do Baltimore Ravens. Os Gigantes são tradicionais, duas vezes campeões, e representam a forte NFC, a defensora, nas regras do oráculo, da alta. Já os Corvos de Baltimore são uma espécie de São Caetano: saíram da liga mais fraca, têm só cinco anos de existência e estão na final pela primeira vez. Tensão à vista para os investidores: especialistas prevêem o mais equilibrado Super Bowl em 35 anos.