Videogame é coisa de criança. Mas tem deixado muito homem barbado rindo à toa. Atrás de personagens como Super Mario, Sonic e Lara Croft está uma indústria bilionária, que no último ano movimentou US$ 14 bilhões, batendo até o mercado de Hollywood. As gigantes do setor ? Nintendo, Sony e Sega ? afirmam que este será o ano dourado. Prevêem faturamento 10% maior. No Brasil, não é diferente. Esta fábrica de sonhos mal começou e já fatura alto. Gerou R$ 250 milhões em 1999. E tem muito mais gás. ?O mercado nacional crescerá cinco vezes?, garante Flávio Ferreira, gerente de produtos Tec Toy, representante da Sega no Brasil. Razões não faltam. O número de fãs de games no País vem aumentando em ritmo acelerado e ninguém acredita que perderá embalo. Em parte, porque as empresas continuam a despejar novidades. Em parte, porque os consoles do futuro são mais do que máquinas para jogar. Além de rodar jogos, os videogames de terceira geração permitem acesso à Internet, trocam e-mails, veiculam filmes em DVD e tocam música ? custando cinco vezes menos que um PC. ?Vamos ganhar com a convergência de tecnologias?, afirma Décio Decaro, diretor-geral da Gradiente Entertainments, representante nacional da Nintendo.

A Sony saiu na frente na corrida pela terceira geração. Depois de investir US$ 500 milhões em seu PlayStation 2, lançou o console em junho no Japão. Ainda não há data para a invasão do Brasil. Na empresa, os games não são brincadeira. Até o presidente mundial do conglomerado, Nobuyuki Idei, afirmou que o PlayStation é hoje ?um dos quatro pilares da Sony?. Até o ano passado, o mercado de games respondia por menos de 15% do faturamento total da companhia.

A maior ameaça à Sony vem do próprio Japão. E o pior: de uma gangue de monstros. A febre Pokémon vem garantindo à Nintendo uma liderança no mercado. A empresa detém 46% das vendas mundiais e 44% das nacionais, com mais de 2 milhões de consoles vendidos. ?Videogames já são 10% do lucro da Gradiente?, comemora Decaro. Tanto que os produtos passaram a ser fabricados em Manaus. Mas a guerra de titãs vai começar mesmo no fim do ano. A Nintendo trabalha no sucessor do Nintendo 64, competidor direto do PlayStation 2. Detalhes do Dolphin são mantidos em sigilo. ?Comenta-se que ele terá DVD, grande memória, excelente performance e acesso à rede?, especula Decaro. Como o PlayStation 2. Correndo por fora está a Sega. Vice-líder do mercado brasileiro, ela fez história ao lançar o primeiro videogame tupiniquim, em 89, o Master System.

E não só esses gigantes lucram com a gamemania. Nessa indústria, não há lucros sem produção de jogos. Grandes produtoras internacionais já atuam no País. Por aqui, não criam games, apenas duplicam CDs. A Electronic Arts é uma das mais bem posicionadas. No ano passado, vendeu US$ 532 milhões no mundo. A francesa Infogrames briga pelo mesmo filão. ?O brasileiro gosta de consumir e de jogar?, diz Glauco Bueno, gerente de marketing. ?Vamos lucrar com isso.?