O ex-vice-presidente americano Joe Biden, que lidera as intenções de voto nas primárias democratas, organiza neste sábado (18) um grande comício na Pensilvânia, onde espera capitalizar sua popularidade entre os trabalhadores.

Mas a estrada será longa para este centrista septuagenário.

Desde que se lançou na corrida presidencial com uma mensagem desafiando o presidente republicano Donald Trump, em 25 de abril, Biden abriu clara vantagem sobre os outros candidatos democratas.

Depois de um primeiro ato público bastante discreto com centenas de sindicalistas em Pittsburgh, Biden tem agendado um comício para esta tarde, para marcar o início de sua campanha.

Para isso, escolheu um local próximo ao museu em que o pugilista do filme “Rocky” treinava.

Além disso, acaba de anunciar que instalará sua sede de campanha na Filadélfia, capital deste estado.

Não é um acaso: a Pensilvânia passou para o campo republicano nas eleições de 2016, e, para voltar a vencer, os democratas devem necessariamente reconquistar esse estado.

Nascido aqui, muito popular entre os trabalhadores, mas também entre o eleitorado negro e moderado, o ex-vice-presidente de Barack Obama é o melhor posicionado para desbancar Trump.

– Campo fragmentado –

Para os democratas, o que conta “agora é (…) apostar em um nome capaz de derrotar Donald Trump”, analisa Lara Brown, cientista política da Universidade George Washington.

A entrada de Biden no jogo coincidiu com a queda do número dois nas pesquisas, o senador independente Bernie Sanders, de posição marcadamente à esquerda.

A última pesquisa da RealClearPolitics coloca Biden com 38,1% das intenções de voto, mais que o dobro de Sanders, com 16,4%. Todos os demais estão abaixo de 10%.

Biden tem a vantagem de seguir uma via de centro “em um campo fragmentado”, com 23 pré-candidatos democratas, muitos deles progressistas, observa Robert Boatright, professor da Universidade Clark.

No entanto, com 76 anos, oito deles ao lado de Barack Obama e 35 no Senado, Biden poderia ter dificuldades para incorporar a mudança que os democratas anseiam.

Deverá, ainda, explicar numerosos episódios controversos que marcaram sua carreira, como seu firme apoio a uma lei anti-criminalidade que castigou duramente a população negra.

Derrotado duas vezes em primárias democratas, em 1998 e 2008, foi acusado de plágio em seus discursos de campanha em sua tentativa eleitoral há 21 anos.

E a esquerda do partido tem feito disso um alvo.

A pré-candidata Elizabeth Warren o acusa de estar do lado dos bancos, em razão de uma lei que apoiou no Senado e que favoreceu as empresas de cartão de crédito.

A jovem deputada socialista e ambientalista Alexandria Ocasio-Cortez diz, por sua vez, que as medidas planejadas por Biden para lutar contra o aquecimento global são tímidas demais.

“Ainda estamos navegando em águas desconhecidas”, ressalta Richard Boatright. Especialmente quando o novo calendário para as primárias, que dá um peso mais significativo à progressista Califórnia, não é exatamente propício para o agora favorito Biden.

Aqueles que poderiam ser vistos como favorecidos são Warren e a senadora da Califórnia Kamala Harris, terceira e quarta respectivamente nas pesquisas.

Aos 54 anos, Harris recentemente ironizou aqueles que a veem como uma excelente parceira de chapa de Biden para se tornar a primeira vice-presidente negra da história do país.

Invertendo os papéis, disse: “Joe Biden seria um excelente companheiro de chapa meu (…) Já provou que conhece muito bem o cargo de vice-presidente”.