Sua gestora se especializou em fundos de crédito? Como o senhor vê esse mercado?
Sim. Gerimos R$ 8 bilhões em pouco mais de 100 fundos, a maioria Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Nossa avaliação é que ainda há muito espaço para crescer. O mercado de crédito privado está se aproximando gradativamente do mercado de capitais. Atualmente, a carteira de crédito dos bancos é da ordem de R$ 5 trilhões e o total dos FIDC é de R$ 300 bilhões, menos de 10% dos empréstimos bancários. Nossa avaliação é que metade da carteira de crédito dos bancos vai migrar para o mercado de capitais em até sete anos.

Por que isso vai ocorrer?
Há diversos fatores. Um deles é a mudança de cultura de investidores e empresas. Qualquer fluxo de recebíveis pode ser transformado em um FIDC. Podem ser empréstimos consignados, créditos estudantis, financiamento de veículos, capital de giro para as empresas, descontos de duplicatas. E finalmente há a volta da rentabilidade. Com a alta dos juros, a Bolsa teve um desempenho ruim e muitos investidores retornaram para a renda fixa.

Há outras causas?
Sim, o avanço da tecnologia. Há algum tempo, não muito, montar um banco exigia uma grande operação física e, consequentemente, muito capital. Agora é possível estruturar essas operações com poucos ativos. É possível estruturar um FIDC com R$ 3 milhões, mas não é possível começar a montar um banco com isso. Então, para uma fintech ou para uma empresa tornou-se mais simples lançar uma operação de crédito para financiar as vendas de clientes ou para antecipar os recebíveis aos fornecedores.

Há espaço para isso?
Sem dúvida. Atualmente o mercado de fundos de direitos creditórios é pequeno em comparação com o tamanho dos bancos. Porém, não vai demorar muito para que os FIDC concorram de igual para igual com o crédito bancário. Isso será possível pois os fundos podem ser especializados em um nível que os bancos não conseguem ser.

Quais as vantagens para o investidor?
Os FIDC são muito flexíveis. Podem ser fundos abertos, com investimentos e resgates. Podem ser fundos fechados. Podem ser semelhantes aos fundos imobiliários e pagar rendimentos mensais. E podem oferecer uma rentabilidade melhor que as aplicações tradicionais nos bancos.

SELIC IMPULSIONA FUNDOS DE RENDA FIXA

Em março completaram-se 12 meses desde que o Banco Central (BC) começou a corrigir a política monetária. Nesse período, a taxa Selic subiu de 2% para 11,75% ao ano. O processo só deverá se encerrar em maio, quando, segundo as projeções do mercado, os juros deverão subir pelo menos 1 ponto percentual, para 12,75%. Essa alta das taxas fez muitos investidores retornarem para os fundos de renda fixa. Segundo a Anbima, associação que representa o setor, a fatia do patrimônio da indústria dedicada a esses produtos avançou mais de 3 pontos percentuais, subindo de 35,9% em março de 2021 para 39% em março de 2022.

EM ALTA
0,95%

Foi o aumento da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15) em março. Prévia da inflação oficial, o indicador mostrou uma ligeira desaceleração em relação aos 0,99% registrados em fevereiro. Mesmo assim, foi a maior alta para um mês de março desde 2015, quando chegou a 1,24%. Em 2021, no mesmo mês, a prévia da inflação ficou em 0,93%. O preço dos alimentos foi o que mais pesou no IPCA-15 em março, de acordo com o Instituto Brasilleiro de Geografia e Estatística (IBGE).

EM BAIXA
45% 

Dos consumidores brasileiros tiveram mais da metade da sua renda comprometida com o pagamento de dívidas no segundo semestre de 2021. No semestre anterior, esse percentual era de 50%. Segundo a Pesquisa Perfil do Consumidor, da Boa Vista, 35% dos consumidores afirmaram ter comprometido entre 25% e 50% da renda, enquanto os 20% restantes comprometeram até 25%. A pesquisa constatou também que há menos consumidores relatando dificuldades para manter as contas em dia.