Um avião do governo sírio foi abatido por extremistas nesta quarta-feira (14), no noroeste do país, e seu piloto, capturado – anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), afirmando que é a primeira vez que isto acontece desde o início da escalada militar, nos últimos meses.

O aparelho, um caça Sukhoi, sobrevoava uma zona ao leste de Khan Sheikhun, uma cidade-chave do sul da província de Idlib, disse o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.

Segundo ele, o piloto está “nas mãos” dos jihadistas do Hayat Tahrir al-Cham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda), grupo que controla a região.

O grupo jihadista reivindicou o abate e informou que o avião caiu na localidade de Latamne, a poucos quilômetros de Khan Sheikhun.

Um correspondente da AFP observou uma densa nuvem de fumaça preta saindo dos destroços de um avião com uma aparente bandeira síria.

“Trata-se do primeiro avião sírio abatido” pelos insurgentes desde que o governo Bashar al-Assad e seu aliado russo começaram, no final de abril, a bombardear quase diariamente a província de Idlib, assim como segmentos das províncias vizinhas de Aleppo, de Hama e de Latákia, destacou Abdel Rahman.

Cerca de 820 civis morreram nos bombardeios, segundo o OSDH. Mais de 400.000 pessoas foram deslocadas nesta região onde vivem três milhões de pessoas, segundo a ONU.

Além do HTS, a região abriga alguns outros grupos rebeldes e ainda é um desafio para o presidente Assad, mais de oito anos depois da deflagração do conflito sírio. Esta área foi alvo de um acordo sobre uma “zona desmilitarizada” concluído em setembro de 2018 entre Ancara, pró-rebeldes, e Moscou.

A trégua foi aplicada apenas parcialmente, com os jihadistas se recusando a se retirar.

Há vários dias, as forças do governo avançam no terreno. Nesta quarta, progrediram na direção de Khan Sheikhun e “se encontram, agora, quatro quilômetros a oeste” da cidade, “depois de terem conquistado cinco localidades” vizinhas, relatou Abdel Rahman.

Bombardeios aéreos sobre o sul de Idlib mataram um civil em Maaret Hourma. Segundo o OSDH, ele foi morto em um ataque russo.

Iniciada em 2011, a guerra na Síria deixou mais de 370.000 mortos e deslocou milhões de pessoas.